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Memórias Póstumas de um Perezoso

Posted : 1 year, 9 months ago on 30 July 2022 10:13 (A review of Memorias Postumas De Bras Cubas/ the Posthumous Memoirs of Bras Cubas (Spanish Edition))

"ao verme que primeiro roeu as frias carnes do meu cadáver"

Vamos por fim falar do livro do qual todo brasileiro é obrigado a ler na escola, Memórias Póstumas de Brás Cubas é um livro experimental escrito por Machado de Assis na era pré-republicana que narra a história de um canalha chamado Brás Cubas, um tipo suspeito. Bueno, Machado de Assis é um escritor interessante porque ele logra mesclar elementos do realismo poético com elementos grotescos de humor negro, um exemplo disso é essa sua obra que conta desde a perspectiva de Brás Cubas, que nos conta as suas aventuras e desventuras como se de um diário se tratasse, sendo mais um estudo de personagem que uma história com trama e objetivo, carecendo de um foco próprio, não há uma busca, mistério ou seja lá, sendo mais focado em caracterizar Brás Cubas que é um rapaz elegante, culto e refinado ao mesmo tempo que é sovina, egoísta e cínico que tenta fazer algo grandioso para tentar ser lembrado e falha miseravelmente terminando sem filhos, sem invenção, sem crédito e esquecido.

Se já leram Apanhador no Campo de Centeio ou Memórias do Subsolo não devem estranhar esse tipo de narrativa focada em apenas um personagem divagando sobre assuntos ou mundanos ou existenciais ao passo que contam histórias sobre a vida. Todavia contudo aqui não tem nenhum diálogo filosófico ou existencial, alguma que outra referência mas não é o foco e o próprio autor está ciente que sua obra não é para ser levada a sério, esse é um dos charmes de Machado, seu cinismo e pessimismo em relação as coisas é o que torna sua obra genuinamente cômica e ao mesmo tempo trágica, fora o seu brilhantismo em relação à escrita, o texto é sumamente agradável de se ler, pelo menos em português, não é excessivamente poético como Goethe mas também não é tão simplista como a obra de Salinger, nem exagera em prolixidade como Dostoievsky, é pelo contrário um texto bastante equilibrado e bonito de se ler.

Mesmo sendo boa a escrita, ainda há aqui e ali trechos sem sentido e erros de estruturação, fora que como é um livro experimental também está cheio desses elementos exóticos como a quebra da quarta parede ou a troca abrupta de estilo, passando de cartas à poemas até descrição de coisas. O cinismo pessimista de Machado é bastante presente em obras como Esaú e Jacó, criticando republicanos e monarquistas, tratando-os como mais um grupo de interesses particulares do que movimentos propriamente ditos, é aqui um ponto de partida ao niilismo que influenciou bastante a obra de Machado, novamente, não que o livro seja sobre filosofia ou história, é apenas uma crítica aos personagens comuns do Brasil império.

Sobre os personagens: Tirando Brás Cubas o restante dos personagens não possuem tanta presença sendo o parceiro de Brás Cubas, Quincas Borba o segundo personagem com mais interações, Quincas Borba é um filósofo louco que prega uma filosofia interessante sobre a cadeia alimentar;

-Supõe tu um campo de batatas e duas tribos famintas. As batatas apenas chegam para alimentar uma das tribos que assim adquire forças para transpor a montanha e e ir à outra vertente, onde há batatas em abundância; mas, se as duas tribos dividirem em paz as batatas do campo, não chegam a nutrir-se suficientemente e morrem de inanição. A paz nesse caso, é a destruição; a guerra é a conservação. Uma das tribos extermina a outra e recolhe os despojos. Daí a alegria da vitória, os hinos, aclamações, recompensas públicas e todos os demais feitos das ações bélicas. Se a guerra não fosse isso, tais demonstrações não chegariam a dar-se, pelo motivo real de que o homem só comemora e ama o que lhe é aprazível ou vantajoso, e pelo motivo racional de que nenhuma pessoa canoniza uma ação que virtualmente a destrói. Ao vencido, ódio ou compaixão; ao vencedor, as batatas.
- Mas a opinião do exterminado?
- Não há exterminado. Desaparece o fenômeno; a substância é a mesma. Nunca viste ferver água? Hás de lembrar-te que as bolhas fazem-se e desfazem-se de contínuo, e tudo fica na mesma água. Os indivíduos são essas bolhas transitórias.

A filosofia de Quincas Borba é entre miúdos uma crítica ao positivismo darwinista e sobre a falta de ética dessas teorias.

As personagens femininas do livro são em geral interesseiras, egoístas, narcisistas, promíscuas e apenas, não possuem uma presença forte fora mostrar o quão louco está Brás Cubas.

Os erros do livro: sabemos e estamos carecas de saber que algo ser popular não significa que esse algo é automaticamente bom, é só ver a quantidade de lixo cultural que está na moda, em relação ao livro eu penso que é um tanto superestimado como obra, não é genial e nem nos apresenta uma nova perspectiva ou crítica profunda sobre questões existenciais como em Memórias do Subsolo, nem é tão monótono e carente de continuidade como "O Apanhador no campo de Centeio" é equilibrado entre ser cômico e trágico apesar de ser um tanto entediante ouvir histórias e histórias de desilusão amorosa do Brás Cubas, já sabem, "no ano tal, em um dia tal eu conheci fulana tal e etc" é algo que se repete tanto que até me confundi com os nomes. A conclusão é trágica, uau! Brás Cubas morre sem conseguir lograr nada, nem ser ministro, nem ser um médico reconhecido ou seja lá o que for, morrendo sem glória alguma.

Isso em si é problemático se você analisar a proposta, certa vez um filósofo chamado Olavo de Carvalho disse que não há heróis nem pessoas virtuosas no Brasil, dando o contexto da fala, ele se referia a literatura, os personagens da literatura brasileira estão inteiros compostos por gente mau caráter e de péssima índole, é só analisar os romances antigos como Canaã de Graça Aranha ou Os Sertões de Euclides da Cunha, sempre retratando o brasileiro como um povo ridiculamente mau e medíocre, esse último eu não discuto, mas ainda que assim o fosse eu teria que indagar a questão "onde estão os nossos heróis?" onde estão os personagens virtuosos que inspiram a beleza, a arte e a transcendência? A literatura brasileira está repleta de lunáticos, trapaceiros e canalhas que não ressaltam nenhum valor, é como se os autores estivessem em um estado de apatia niilista onde não existe pureza de caráter. Essa ideia de determinismo social é ruim em si mesma pois promove a mediocridade jogando a sociedade em uma espiral de mesmice e falta de valores elevados que por consequência torna um terreno fértil para os sociólogos marxistas, inclusive muitos deles usam esses romances para instigar a sua guerra de classes.

De modo que Memórias Póstumas é no máximo decente com uma competente caracterização do personagem de Brás Cubas;

6/10


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The Last Temptation of Christ review

Posted : 1 year, 9 months ago on 27 July 2022 10:22 (A review of The Last Temptation of Christ)

A última tentação de Cristo é uma tentativa mais ou menos bem sucedida de Scorsese de tentar recriar as histórias do novo testamento de uma forma mais realista, realista em um nível herético e desrespeitoso, não digo que o filme seja inteiramente um ataque a religião cristã mas é notório um certo desprezo por parte de quem idealizou pela figura de Jesus Cristo, sendo esse filme baseado em um apócrifo que diz que Judas era íntimo de Cristo e forjaram tudo para que ele fosse crucificado. O apócrifo é evidentemente uma farsa forjada por grupos gnósticos que adoram subverter as religiões para os seus propósitos ritualísticos ou sei lá o que, é um filme que prega Cristo como um ser humano comum, com medos, desejos, aflições, ego e etc, não que o Cristo original carecesse de tudo isso, aqui a sua figura perde esse tom místico de bondade genuína e quase que o reduz a um idiota despreparado.

Ignorando o fato do filme ser propaganda gnóstica, o que há de realmente bom nele? Bueno, Scorsese não é um diretor medíocre, esteve sempre tentando revolucionar o cinema se preocupando mais em contar histórias do que meter duzentos efeitos especiais ou fanservice idiota que não agrega nada a história, obras como Taxi Driver ou Bons Companheiros estão entre seus mais grandes trabalhos. Geralmente suas histórias tem esse ar de tragédia shakespeariana com toques contemporâneos, história que me inclinam a gostar do autor por criticar certos aspectos do hedonismo, niilismo e etc. Como cristão é impossível não levar para o lado ofensivo já que contraria a nossa visão de como Cristo é, por outro lado ainda posso elogiar que o filme não gira em torno de atacar a sexualidade de Cristo, como outras aberrações, já que é a única coisa que os maconheiros comunistas de apartamento conseguem pensar.

O filme de Scorsese consegue ser mais um estudo de personagem que uma crítica a x ou y, aqui nos é apresentado um Jesus humanizado, quando digo humanizado é que este possui defeitos, erros e uma pá de coisas que se postas sob uma balança o faria perder esse título. Seu personagem é bastante psicológico e sua ênfase em ser mais humano termina criando um personagem sumamente complexo e seria bem próximo do que eu imaginaria para esses líderes místicos como Napoleão ou Zaratustra, é quase um retrato psicológico.

Sobre o filme em si, não é um mau filme, como eu já disse, Scorsese é um dos melhores se não o melhor diretor de filmes que já existiu, a ambientação do filme se vê medíocre pelo baixo orçamento, possui um toque experimental que não gosto, uma trilha sonora marcante e um desenvolvimento de personagem bastante competente abordando temas como os demônios internos, os medos, as aflições e coisas que são próximas de obras primas, pero nah, o transfundo de Jesus é competente e apenas, o restante dos personagens não possuem presença e colocar Judas como amigo de Jesus é um erro não por ser heresia mas por quebrar a lógica interna da situação, a forma com qual Judas é apegado a Cristo no filme faz parecer uma ação um tanto sem coesão.

Em resumo é um filme ok sem muitas ressalvas fora ser propaganda gnóstica

5/10

VIVA CRISTO REI!


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The Catcher in the Rye review

Posted : 1 year, 9 months ago on 25 July 2022 03:24 (A review of The Catcher in the Rye)

O Apanhador no campo de centeio ou The Catcher in the rye é um romance dos anos cinquenta que narra a vida conturbada de um fracassado chamado Holden Caulfield, um desses jovens cínicos e irônicos cheios de problemas emocionais(fãs do Tio Orochi e do Maicon Küster). Muito ao estilo de Memórias do Subsolo esse livro é narrado por Holden, no qual conta seu dia a dia em forma de diário, narrando os aspectos mundanos da sua vida. O livro está em volto de uma polêmica do qual não fui atrás de saber mas que tem haver com assassinatos de celebridade por alguma razão, mas dane-se isso, o que há com esse livro? Bién, se já leram Memórias do Subsolo ou Memórias Póstumas de Brás Cubas podem estar familiarizados com esse tipo de texto, é um relato mais psicológico sobre os problemas de um adolescente, o que como podem imaginar não é algo que me agrada pela razão de que a vida do adolescente médio contemporâneo, em específico no ocidente, é monótona, cheia de consumismo, vazio existencial, drogas, promiscuidade e cinismo em relação a tudo. Tudo isso se intensificou após a segunda guerra mundial onde passou a vigorar o liberalismo como virtude máxima do ser.

Holden é um cínico como eu já disse, cheio de problemas emocionais sendo caracterizado como um personagem existencial, Holden é um desses que não consegue ver beleza em nada, está sempre apontando o dedo e criticando a falta de valor e virtude nas pessoas e nas coisas sendo frio com todos ou quase todos, sendo até antipático e um completo cretino em ocasiões. Ele é em termos apropriados um niilista de marca maior porque novamente para contextualizar, o niilismo ganhou bastante espaço nos meios intelectuais após a ascensão do iluminismo com os jacobinos aderindo com amor a essa causa de eliminar o sacro sem se importar com as consequências que isso levaria. Temos obras anteriores que já falavam sobre essa questão como Pais e Filhos do Ivan Turgueniev, mas como sabem, sua obra está incompleta e não explora as reais implicações sobre o tema. Em The Catcher in the Rye o tema é abordado de uma maneira realista, mostrando como pensa e vê um verdadeiro niilista, que não consegue enxergar nada de positivo em ninguém e muitas vezes até fabricando defeitos em outras pessoas para tentar se sentir menos pior ou mesmo tentar esquecer que ele próprio é um perdedor.

E é o caso de Holden, ele critica fortemente a hipocrisia e a falta de virtude das coisas ao mesmo tempo que ele não possui virtude nenhuma, é como esses críticos que assistem centenas de obras medíocres e horríveis e se tornam cínicos(estou quase assim), no caso Holden se tornou sarcástico por ver quase todo dia esse cenário de decadência ao mesmo tempo que ele mesmo participa desse cenário, tornando-o um hipócrita e vamos que sua caracterização é muito competente, é um personagem psicológico e cheio de questionamentos e ideias interessantes, algo parecido com Daria ou The Critic, personagens cínicos reclamando de coisas enquanto olham com olhar de indiferença para as coisas. Se por um lado sua caracterização é competente, o livro em si é bastante seco e carente de conteúdo, carece de conclusão, de trama, de objetivo e está horrivelmente mau estruturado, os textos por vezes parecem desconexos e é um tanto repetitivo ler páginas e páginas de Holden reclamando de aspectos mundanos sem um maior aprofundamento filosófico ou mesmo uma catarse decente para ele, esse livro não nos oferece muito além da boa caracterização de Holden. Sua trama monótona e repetitiva me cansaram e realmente não considero satisfatório depois de tantas páginas, de modo que me deixa sem mais o que dizer. 

5/10


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Como destruir Evangelion By Hideaki Anno

Posted : 1 year, 9 months ago on 19 July 2022 10:18 (A review of Evangelion: 3.0+1.0 Thrice Upon a Time)

The rebuild of Evangelion, uma reinterpretação da série original Neon Genesis Evangelion que basicamente altera tudo que o anime e o filme fizeram até a metade, sendo dividida em 4 filmes todos dirigidos pelo mesmíssimo Hideaki Anno, a mente por trás de Evangelion. Realmente gosto de Evangelion, até considero uma das melhores obras de ficção de todos os tempos, não por sua lore, waifus ou animação colorida, mas sim pelos seus personagens e suas dinâmicas interessantes, fora os temas existenciais e complexos como a depressão, o abandono, a busca por um propósito, o valor da individualidade e etc, coisas que davam bastante densidade aos personagens e os tornava interessantes por si próprios, fora isso cada personagem tinha um charme peculiar que influenciou uma geração inteira de animes e produções baseadas em arquétipos tirados de Evangelion, a menina calada e robótica, arquétipo da Rei, a egocêntrica e irritada, arquétipo da Asuka, a mestra milf, arquétipo da Misato ou mesmo o protagonista betinha submisso que apenas ouve. É claro que nenhuma das suas cópias conseguiu emular corretamente cada arquétipo e confesso que muita das atrocidades animadas que temos hoje foram criadas por pessoas que gostavam de Evangelion, coisas como Sword Art Online ou Steven Universe e etc.

Foi basicamente Evangelion que estabeleceu o arquétipo de herói sem muitas características positivas, alguém fraco e impotente que sofre de vários problemas sociais e psicológicos, é como ouvi certa vez "o Shinji é o retrato de uma geração" com pai ausente, depressivo, distante e sem personalidade. Evangelion foi um alerta sobre essa condição, um grito de socorro de muita gente que se sentia em uma situação parecida, pessoas que não conseguiam lidar com outras pessoas, que não possuem uma motivação ou um propósito claro, experimentando de forma não saudável a solidão, o que é o pai desses índices astronômicos de suicídio. Claro Evangelion não foi o primeiro exatamente a fazer esse tipo de crítica, Scorsese em sua obra Taxi Driver já havia antecipado certos comportamentos presentes no século 21, indo ainda mais longe temos Dostoievsky em sua obra Memórias do Subsolo que já tratava desses temas mais obscuros relacionados a psicanálise. Em Evangelion ao contrário dos seus clones, não buscava romantizar o comportamento do protagonista mas sim de alertar e ressaltar o valor da vida dando uma importante mensagem sobre a busca de um propósito e da ressignificação dos elementos da vida. De modo que Shinji é um dos personagens mais bem escritos da ficção não por ser uma figura idealizada mas pela sua humanidade, outros personagens como Asuka, Rei, Misato, Gendo e etc também merecem elogios pelos mesmos motivos.

A série original possuía a fachada de ser um anime mecha para chamar atenção do público juvenil, somado a isso temos o competente trabalho técnico do estúdio Gainax, temos também elementos de fanservice que apesar de não me agradar é entendível por questões de marketing, existem muitas cenas sugestivas e demasiado explícitas, posso pelo menos dizer que na série original e no filme de 97 o assunto era tratado como algo ruim como já devem saber pela famosa cena de mast*rbação do Shinji. É um tanto redundante atirar flores a série original porque vários já o fizeram, a questão é, o que veio depois da série original? Vieram os incrivelmente desnecessários Rebuilds! Por donde começar? Refazer Evangelion do zero para a indústria usando a atual tecnologia para torna-lo mais palatável aos debilóides dessa geração parece uma má ideia em si mesma. Se fosse apenas um remake refazendo as cenas usando a tecnologia atual seria igualmente desnecessário porque vamos, a animação original e o filme dão perfeitamente conta e não precisam de remake, são bonitas inclusive nos dias atuais já que não se trata de cgi 10 fps mas sim animações fluídas feitas a mão pelos melhores sonegadores de impostos de Tóquio.

Não é como Yamato ou Mazinger Z onde a animação e os traços se veem como totalmente ultrapassados e carentes de movimentação. Assim começamos com o primeiro filme "you not alone" que é basicamente todos os acontecimentos do anime até o episódio 8 ou 9, com zero alterações no roteiro e na animação, é a mesma animação dos anos 90 com a adição de cgi aqui e ali. O problema de You Not Alone é o ritmo apressado que não nos dá tempo para construir o drama, no anime original havia pausas entre um acontecimento e outro, aqui a linha dos acontecimentos é acelerada para que o filme não seja um compilado de episódios. A animação como eu já disse, não mudou nada, apenas adicionaram uma iluminação mais forte o que dá esse aspecto de plástico, fora o cgi nas cenas de batalha, há zero adição de coisas o que faz desse filme completamente desnecessário;

6/10

O segundo filme adciona Asuka e uma personagem irrelevante e absolutamente desnecessária, Mari ou a quarta personagem que nunca apareceu no original e que foi introduzida puramente por fanservice, é sério, qual o propósito dessa personagem além de masturbar os otakus? Como personagem ela é totalmente vazia e distante dos outros personagens, não sabemos o que ela é ou de onde veio, sua personalidade é alegre e apenas, não tem dilemas, nem profundidade nem nada, uma caixa vazia sem nada para explorar, talvez um dos piores personagens de anime. Se queriam fanservice, já tem a Asuka, Rei e Misato, não vejo razão para adicionar uma a mais. Mas os erros do filme não param por aí, mudaram algumas coisas como a personalidade da Asuka, a do rebuild aparentemente tomou rivotril ou talvez seja a dublagem. A Asuka daqui é mais atenciosa com o Shinji, sendo menos rude ao ponto de cozinhar para o mesmo, coisa totalmente impensável no anime original, no anime Asuka despreza Shinji por ele ser um bunda mole submisso, aqui ela também odeia ele mas pelo menos ela cozinha para ele, uau(ironia). Rei nesse filme também é mais ativa do que no anime, no anime ela era bastante morta, com uma justificativa razoável de não possuir alma e vontade própria, confesso que é interessante as interações dela com Gendo e Shinji, sendo mais próxima.

No mais esse filme é um tanto alto astral para o meu gosto, estamos em um mundo pós apocalíptico ao estilo pré-diluviano onde coisas ruins estão prestes a acontecer e os personagens seguem vivendo de forma mundana, a série original tinha mais drama e momentos de tensão mesmo quando pouca coisa ocorria. Fora que o filme se concentra mais na história de Evangelion e nos simbolismos, o que como já expliquei nunca foi importante de fato e existe apenas para parecer cool e chamar atenção. O cgi é bastante intrusivo e me incomoda que tenham abandonado a linha original dos acontecimentos se centrando uma lore estranha envolvendo a Nerv e a Seele. Esse filme também banalizou a existência dos anjos, no anime original durava em alguns casos até 2 episódios para destruir um anjo, aqui Asuka dá alguns tiros e ponto, eliminando parte da tensão que a série original criou. O final é bastante anticlimático e até contraditório se considerarmos que Shinji é reescrito como personagem por alguns instantes, o Original teria uma reação muito mais medrosa do que a que o Shinji do filme tomou, é chad mas contradiz o personagem então considero como um erro;

5/10

Ok o primeiro filme é ok, o segundo é medíocre, mas graças a Belzebu o terceiro é um desastre completo e um dos piores filmes de anime já feito, não estou exagerando, esse filme possui tudo que detesto em filmes e séries em geral, consumismo, cenas yaoi(g4y), melodrama, saltos de tempo, simbolismo pretensioso, personagens forçados, proselitismo otaku, fanservice desmensurado, cgi intrusivo, batalhas genéricas, depravação, vácuos argumentais, rescritura de personagem. Tentarei explicar esse desastre da seguinte forma, Hideaki Anno reuniu todos os seus funcionários e decidiu que iria de qualquer forma arruinar sua franquia para se autodestruir, só que sóbreo ele não conseguiria então usou todo tipo de entorpecente para criar a cagada prima que foi o terceiro filme do rebuild. O filme inicia com um salto de tempo de 14 anos, após o segundo filme onde Shinji salva Rei de forma bastante máscula, todo esse desenvolvimento não serviu de nada já que ele volta a ser o mesmo beta até mais submisso ao ponto que é dominado até mesmo por homens, é então que Kaworo é reintroduzido na série, Kaworu na série original foi acusado de ser fanservice gay, há algumas justificações para essas acusações, mas nesse filme em específico não há, sua relação com Shinji é extremamente forçada em um nível que esse filme está na categoria de obras lgbt.

É meloso e está aí por puro fanservice, Kaworu e Shinji se divertem juntos, tocam pianos juntinhos, dormem juntos, literalmente um casal gay. O filme não para por aí e decide focar novamente em Mari, uma personagem que como já disse, não tem nada para acrescentar, tudo que ela faz, Asuka, Rei e Misato já faziam, de novo, qual a NECESSIDADE DESSA PERSONAGEM(Triggrd)??? Mencionei que o filme tinha um time skip e que isso é ruim, veja que muitas séries pioraram de qualidade justamente após time skips, Naruto, Dragon Ball e etc. O time skip basicamente é uma forma preguiçosa de não ter que explicar e desenvolver a maturidade dos personagens. Misato agora é uma cretina que trata o Shinji com desprezo por ele ter gerado o quase terceiro impacto, quando essa mesma vad*a estava incentivando que ele fizesse isso no filme anterior, todos tratam Shinji de forma extremamente violenta quase como se ele fosse o vilão, ninguém explica a ele o que se passou o que demônios está passando, apenas tratam ele mau e fim. Até a Asuka, que foi salva por Shinji, o trata mau por razão alguma, ao menos a Asuka original sabia ser grata quando era salva pelo Shinji.

Outro erro é novamente em relação a Kaworu e Mari, a relação de Shinji e Kaworu é extremamente entediante e pretensiosa e todos sabem que isso leva a um final dramático onde Kaworu morre e o Shinji fica por duas horas chorando como um emo, todos são estúpidos, começando por Kaji se sacrificando para evitar o terceiro impacto entrando em uma nave, quando podia apenas disparar a nave, Misato hesitando matar Shinji mesmo sabendo que isso poderia destruir a raça humana. Somado a isso temos uma péssima produção mesclada com cgi até não mais poder, é tanto cgi que algumas cenas são um tormento para os olhos de tantos elementos mau redenrizados se movendo ao mesmo tempo, somado com um simbolismo pretensioso e incoerente que não representa nada e que está aí para tentar se cool. Outro aspecto que detesto é o visual dos personagens, 14 anos se passaram e todos permanecem igual, Asuka permanece como se tivesse 14 anos com a desculpa de que o Eva não envelhece, coisa que nunca foi antecipada na série. Outra coisa estúpida é, se Misato gostava do Shinji, por que diabos demorou 14 anos pra tira-lo do eva?

Se não pudesse piorar, o filme se centra em cenas inúteis, cenas de naves feias de cgi fazendo manobras, máquinas feias de cgi se movendo aqui e ali, cgi feio fazendo isso e aquilo, em resumo, boa parte do filme é sobre cgi feio se mexendo emulando mecanismos altamente tecnológicos mesmo estando em um mundo devastado onde mau tem árvores. Resulta que agora Misato lidera um grupo revolucionário de personagens irrelevantes que não são explicados nem sequer apresentados decentemente, estão aí e ponto, engula. Fora isso temos as longas cenas de depressão do Shinji chorando por coisas que não foram mostradas, no anime original ele era menos chorão e o seu drama era pelo menos explicado. Em resumo esse filme tem tudo que eu odeio em filmes; simbolismo pretensioso, romance yaoi, proselitismo otaku, consumismo e uma série erros de continuidade fora os erros grotescos de roteiro;

2/10


O que nos leva ao quarto e último filme da franquia, confesso que foi um desgaste absurdo o terceiro, depois do terceiro filme eu quase tive vergonha de me dizer fã da franquia. O quarto filme é medíocre e sem mais, novamente cgi tosco e mau renderizado, muitos dos modelos são terrivelmente artificiais e contrastaram com o cenário bem desenhado. Aqui é mostrado como os amigos do Shinji cresceram e ele permaneceu o mesmo emo g4y de sempre, Toji se tornou médico e Kensuke virou um faz tudo de uma colônia que é um dos últimos refúgios da raça humana. Tudo isso e irrelevante pois não aconteceu em tela, aqui Rei tenta se adaptar e viver como um ser humano aprendendo tudo do zero, não há nada de novo, é tudo que já tinha no segundo filme e na série original.

Shinji está depressivo por causa da morte do seu namorado, Asuka o trata com um desprezo quase que sádico, é sério, a Asuka original era narcisista e tratava mau o Shinji, mas não nesse nível, ela o humilha em cada ocasião como se ele tivesse culpa de algo, é irritante e aumentou meu desprezo pela personagem. O drama de Shinji peca por se sustentar no filme anterior que é uma cagada monstruosa, Misato continua sendo uma coisa que nunca foi se tornando tudo que criticava em seu pai, fazendo dela literalmente uma hipócrita dando ainda mais motivos para odia-la e é o que parece, o diretor está constantemente tentando nos fazer odiar os antigos personagens. Misato apesar de ter suas contradições nunca foi uma hipócrita cretina, era desleixada ao mesmo tempo que era atenciosa com quem tinha vínculos, Asuka apesar de ser grosseira e arrogante boa parte do tempo não chegava a ser insuportável e seu drama era bastante humana, tentando ser perfeita e falhando.

O único personagem que merece um destaque é Gendo Ikari e esse é o único ponto forte do anime que não tinha nem na série original e nem no filme e que considero uma grande falta, Gendo como personagem nunca foi realmente explicado, quem ele era de fato, como ele pensava, aqui é explicado que ele era como Shinji, que usava fones de ouvido e livros para fugir de interações sociais já que ele nunca se incomodou com a solidão ao mesmo tempo que sentia uma profunda melancolia por estar sempre sozinho, basicamente ele odiava estar em sociedade, os poucos minutos desse diálogo é a única coisa que realmente vale a pena ver, é comovente se compararmos com a série original já que a maior vítima termina sendo Shinji. Gendo não tinha motivação para viver até que conheceu Yui que lhe mostrou o lado bom da vida e a importância de criar vínculos "ela me deu um motivo para viver" resta saber por que esses diálogos nunca apareceram na série original ou no filme de 97.

E é claro que o filme tem que termina de forma medíocre porque os diretores até então já não sabiam como terminar e decidem tornar MARI A PAR ROMÂNTICA DE SHINJI(TRIGGD) uma relação que não foi antecipada, que não foi construída, não combina e é basicamente a coisa mais revoltante de toda a série, por que diabos essa personagem? Ela teve pouquíssimas interações com Shinji, não há química entre os dois, não é explicado como Shinji superou sua depressão e seu medo de se aproximar das pessoas, simplesmente outro personagem aparece no final com nome de Shinji e o filme acaba. Esse filme não faz juz ao legado de Evangelion e é uma péssima forma de encerrar a franquia. Tudo que havia de errado com os animes e que Evangelion sempre procurou evitar foi cometido nesses 4 filmes, primeiro, os filmes são claros cashgrab(caçaníquel), segundo, é puro fanservice e carece dos elementos profundos que o original tinha, terceiro, é inferior em qualidade técnica, até as músicas da série original são superiores a essas musiquinha pop melosa, quarto, os personagens se tornaram estúpidos e hipócritas. Resumindo voltamos ao início, tudo isso foi desnecessário.

1/10


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O medo de encarar os problemas da vida

Posted : 1 year, 9 months ago on 18 July 2022 04:13 (A review of A Monster Calls)

7 minutos para meia noite ou A Monster Calls em inglês, um filme hispano-estadunidense dirigido por Juan Antonio Bayona que é por consequência uma adaptação de um livro de mesmo nome, me centrarei apenas na adaptação porque não cheguei a ler o livro. O filme conta a história de Conor O'Malley, um jovem rebelde que cresceu sem o pai, com uma mãe em estado terminal devido a um câncer, morando com a sua avó que é uma megera e para completar sofre bullying na escola apanhando todos os dias, tem todos os ingredientes para ser um filme ruim, vitimista e fatalista, mas veja que o que temos aqui é uma verdadeira jóia que passou despercebida. O maior problema de obras dramáticas, se já leram minha resenha de A voz do silêncio devem saber, é que em geral são obras que apelam ao vitimismo, ao melodrama e a produção para manipular a audiência emocionalmente com mensagens ruins que induzem ao escapismo além de venderem mentiras e ideias confortáveis ao invés de inspirar a audiência a superar os momentos de dificuldade, mostrando o lado amargo da vida.

Em alguns casos extremos como Mahou Shoujo Site fica mais claro onde quero chegar, todos os elementos que compõe um drama minimamente decente deve por imediato ignorar todos esses recursos baratos e se centrar na mentalidade dos personagens e em passar uma boa e inspiracional mensagem, ou se muito algo realmente dramático porque para outros casos temos exemplos de obras que não ressaltam nenhum drama, onde tudo é fabricado artificialmente e são fáceis de identificar porque em geral partem de uma premissa tosca e sem coerência. Em Monster Calls é todo o contrário, é certo que o protagonista é vítima de muitos problemas mas nunca é mostrado como se apenas ele fosse a vítima e que suas contrapartes fossem unidimensionais e etc, o pai do protagonista por exemplo é um típico aventureiro e alguém que não inspira respeito, a avó é mais uma velha ranzinza mas que não é de todo má possuindo ao final uma relação genuinamente humana com o protagonista.

O único que não consigo encaixar são os bullies, de fato são forçados em ocasião sendo os típicos valentões que estão aí para realçar o quão quebrado está o protagonista. O protagonista é esse típico jovem rebelde que está passando por problemas pessoais sérios e que não está conseguindo lidar com isso, sendo levado por fantasias escapistas, o que nos leva ao monstro, porque surpresa se trata de um filme dark fantasy com elementos surrealistas que entram mais no terreno das especulações pelos simbolismos e etc. O monstro está aí como guia para Conor para que ele consiga superar seus problemas emocionais, usando de histórias para amadurecer o protagonista através de sua filosofia de que todos somos uma mistura de bem e mau, um rabugento também pode ser um curandeiro, uma bruxa também pode ter aspectos positivos.

Não que o filme esteja nos oferecendo uma moral relativista de que não existem pessoas más, é todo o contrário, se trata sobretudo da maturidade de Conor em entender as pessoas, entender que não todos são maus e que está ok quebrar as coisas de vez em quando como forma de extravasar as angústias e aflições da vida. O monstro também ensina Conor a ser sincero em revelar seus sentimentos e é aí que o filme ganha matizes psicológicas. É revelado que Conor desejava fugir a todo custo do sofrimento que era ter de ver sua mãe falecendo e que desejava que ela partisse de uma vez, não por ser um egoísta ou uma má pessoa apenas que ele queria cessar ambos os sofrimentos, o seu sofrimento emocional e o sofrimento físico dela. Como Conor é um tanto fechado, sua forma de se expressar é quebrar coisas revelando uma natureza destrutiva e o seu drama convence pelo fato dele ainda ser uma criança ao final de contas.

A moral do filme é que devemos encarar os problemas da vida com maturidade, nos mostrando o quão difícil é superar a perda de um ente querido, sobre como os seres humanos somos multifacetados e que devemos buscar mediar as coisas através da compreensão. É uma história sobre transição para a maturidade, o monstro ao final nada mais é que a própria vida ensinando a Conor sobre as coisas. Agora sobre o aspecto técnico é bem competente em especial nas animações que misturam 2D com 3D, se vê fantástico e as cenas em live action são igualmente bem feitas com um cgi convincente. Monster Calls é similar a coisas como Coraline, só que diferente a este último o filme se centra mais no drama do personagem do que nos elementos de fantasia ou terror, é mais sobre a relação de Conor com o mundo, é por excelência um estudo de personagem. Conor como já mencionei é um jovem que carece que experiência e que está desenvolvendo a maturidade para lidar com os problemas da vida, sua caracterização está ok o seu drama é como já disse muito bem justificado porque ao final de contas é uma criança que está amadurecendo.

Com tudo que mencionei poderia dizer que é um excelente filme não? E sim é um excelente filme! Todavia não é perfeito e como já mencionei, a questão dos bullies é tratada de uma forma um tanto unidimensional e também é incoerente que Conor não seja punido pelas coisas erradas que fez sob a justificativa de estar emocionalmente mau, em resumo, A monster Calls é bom como drama e baixa fantasia com bonitas mensagens sobre a natureza humana e sobre a maturidade;

8/10


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Studio Ghibli Movie Collection review

Posted : 1 year, 9 months ago on 17 July 2022 10:05 (A review of Studio Ghibli Movie Collection)

Hayao Miyazaki é sem dúvidas um sujeito criativo, logrou transformar sua empresa em uma das mais famosas do mundo, sendo Ghibli considerada a versão japonesa da Disney, com suas histórias que apelam ao fantástico com uma produção que por vezes supera a mesma Disney em qualidade. É um tanto redundante falar sobre o quão bom é o estúdio em termos técnicos, coisas como Castelo Animado ou a Viagem de Chihiro são uma amostra, contando as vezes com música clássica que se soma aos cenários vivos e coloridos que são usados largamente em amvs e edits de lofi. Ghibli mantém esse estilo detalhista que apela ao detalhe no cenário ao passo que os personagens mantém o mesmo estilo de boneco anime, é só observar as personagens femininas, são idênticas em aparência, o que falar então da movimentação, por vezes é tão fluída que soa como um cgi, em especial as mais antigas como Princesa Monoke ou vidas ao vento, somado a isso temos também o fato do estúdio ser family friend com foco no público infantil, isso obviamente abriu uma verdadeira mina de dinheiro para o estúdio, chegando a fama mundial. De modo que é sumamente agradável aos olhos assistir qualquer coisa desse estúdio, é um deleite para os olhos e para os ouvidos.

Contudo Ghibli gostaria que esse estúdio mantivesse essa consistência em suas histórias, isso é, a parte do roteiro e da construção de personagem. O maior problema com os filmes da Ghibli é que são oito ou oitenta, ou são fantásticos, com magia e com muitas coisas ocorrendo ao mesmo tempo ou são terrivelmente entediantes sem muita ação e alguns literalmente não ocorrem nada, me deterei em analisar apenas as adaptações de forma aleatória do modo que me vier a memória:

My Friend Totoro: por que não começar com o mais popular? Pensei que Miyazaki tendo tido contato com Hideaki Anno poderia significar alguma coisa, pero no, Meu amigo Totoro é um filme monótono e cutie e MY FEELS!! Não é um filme horrível e desnecessariamente longo como alguns aqui da lista, mas é entediante, não nos é explicado a origem do bicho, não é aprofundado no drama da mãe com câncer, o que é uma pena já que daria margem para um arco mais complexo e adulto, mas nop é só um filme infantil sem grandes pretensões. Poderia dizer até que tem uma mensagem ruim por conta do simbolismo do Totoro, mas nah, é só um filme medíocre com uma produção passável já que data dos primórdios do estúdio. A personalidade das personagens apesar de não ser desagradável é um tanto seca e mau explicada, no máximo Totoro consegue ser funcional como filme infantil;

5/10


Castelo no céu: é um filme interessante ao início mas logo se nota que é mais entretenimento e fim, os personagens estão pelo menos decentemente caracterizados, o duo protagônico é bastante funcional e não apestam com idealismo sobre amizade e blá blá, o vilão é um tanto plano e serve mais como um símbolo sobre se deixar tomar pelo materialismo e pela busca infinita de bens, o duo protagônico representa a busca por algo maior. Como já devem saber, a parte técnica é incrível, o desenho dos personagens é bastante característico e o cenário tem esse toque meio pós apocalipse meio vitoriano e etc. A parte do roteiro é bastante conveniente, pra começar que a protagonista que cai do céu é justamente decendente do povo que o protagonista da história buscava, Shita e Pazu(protagonistas) então passam a ser perseguidos por piratas e etc, essa parte da história é mais para ressaltar a produção do estúdio, como de costume, fluído e detalhado com esse toque cartoonizado que relembra coisas como os primeiros trabalhos da Disney. No geral é um bom filme de entretenimento, os personagens são funcionais e apenas;

6/10

Serviço de Entrega Kiki: é um filme que até tinha potencial mas foi desperdiçado por ser monótono, Kiki Delivery é um filme zzz igual a Totoro onde não acontece nada, a trama gira em torno de Kiki entregando coisas para encerrar seu treinamento como bruxa e bién, solo. O maior problema com esse filme é a sua falta de foco, todo o filme gira em torno de Kiki entregando coisas e salvando alguém aqui e ali de forma conveniente, há tão pouca coisa pra falar sobre esse filme que fiquei sem ideias pra continuar esse texto. Não é um filme terrível, é apenas medíocre por ser monótono, poderia dizer que o filme ser monótono é uma espécie de retratação da vida real onde não sabemos que rumo seguir ou que fazer contando os aspectos mundanos da vida, mas por dios, sabemos que isso é desculpa. Em relação a produção, é decente e nada mais, tem esse toque característico do Miyazaki, com cenários vivos e uma certa fluidez no movimento, a trilha sonora não é minha favorita e sinceramente, bruh;

5/10

Porco Rosso: Uf, finalmente um filme com trama, Porco Rosso conta a história de um veterano da primeira guerra mundial que é perseguido pela polícia fascista devido ao seu histórico de combatente na força aérea, também vale mencionar que ele foi transformado em um porco por uma bruxa. Me agrada que o filme não seja focado no aspecto político(como em Fauno) e se concentre mais em ser um filme de entretenimento, com uma mensagem que se pode considerar anti-guerra, na verdade é mais um rascunho de mensagem que é expressa quando Porco rosso volta a ser humano, representando o retorno da sua humanidade ou seja lá, ele ser transformado em porco também é um simbolismo interessante já que representa a meia idade, as marcas que a guerra provocou nele. Sua amiga, Fio Pikkoro é funcinal e serve mais como auxíliar no desenvolvimento de Porco Rosso, ambos são funcionais e cada um tem mais de uma faceta, com Porco Rosso sendo preguiçoso e desleixado ao mesmo tempo que é habilidoso, Fio é determinada e espirituosa ao mesmo tempo que demonstra debilidade. Como de costume, tem uma produção belíssima e os designs de personagens são sumamente característicos, o filme em si não é nenhum drama de guerra ou uma exploração psicológica, é mais um filme de entretenimento que explora a química entre os personagens, um bom filme;

7/10

Princesa Mononoke: o que nos leva ao provável melhor filme da Ghibli, Princesa Mononoke é um desses filmes pró ecologia inspirado em obras como O bom selvagem ou o menino lobo. Aqui há um conflito bem estruturado entre samurais, guerreiras e a selva, é basicamente a batalha da natureza contra o ser humano, os humanos que destroem as florestas contra o espírito da floresta, se já tiveram alguma experiência com filmes pró ecologia já devem saber que em geral são panfletários, planos, unidimensionais e melodramáticos e sempre recaem em "humanos maus contra natureza boazinha" em geral odeio obras que pintam o ser humano como satã. Graças a Deus não é o caso de Mononoke Princess, aqui o conflito é bastante cinza e cada lado possui motivações bastante coerentes, os humanos querem se defender da natureza que os persegue, a natureza quer se defender do avanço tecnológico humano, nenhum é retratado como o mal absoluto. Cada personagem está bem justificado e possuem um conflito interno que dá vazão aos acontecimentos. Sobre o técnico é o de sempre, movimentação fantástica, fluídez e uma atenção absurda aos detalhes em um nível, o mundo é bastante vivo e é ambientado no japão feudal dando destaque a trilha sonora que conta com músicas tradicionais japonesas. Seria então Princess Monoke uma obra prima? No, a obra carece de um desfecho claro e meio que tudo termina em ambiguidades, Nem o que se supõe que seriam os vilões tiveram um encerramento claro. De modo que Princess Mononoke é o melhor filme da Ghibli em termos de escrita;

8/10

Túmulo dos Vagalumes: esse filme é a definição de MY FEELS, não há dúvidas que o drama do filme é excelente pois envolve temas mais pouco convencionais para crianças, coisas como a orfandade e a guerra. É acertadamente o filme mais obscuro do estúdio, contando com cenas grotescas que realçam a mensagem de ser anti-guerra, Grave of the fireflies é um filme sobre dois orfãos japoneses durante a segunda guerra mundial, pouco antes do exército japonês se render pelas bombas atômicas, historicamente o Japão não havia perdido uma guerra sequer, permanecendo invicto até o incidente com Hiroshima, bién, existem muitos poréns quando se fala de filmes de guerra porque pode que alguns(muitos) caiam no undimensional, com vilões malvados como em A lista de Schindler, aqui não há vilões, há mais aspectos do ser humano como o egoísmo, é sabido que em tempos de guerra as pessoas se tornam mais egoístas e mesquinhas, uma frase um tanto genérica representa isso "a guerra revela o ser humano". É similar a coisas como Empire of the sun, só que ainda mais dramático e melancólico, Seita(o irmão mais velho) representa esse ideal masculino que protege sua irmã mais nova tentando fazer dos seus dias um pouco melhores, tentando fazer ela esquecer um pouco do cenário desolador em que estão envolvidos. Não é um filme que explora o aspecto político, de direita ou esquerda, isso não é o foco, o foco é mesmo em relação ao sofrimento das crianças e os efeitos da guerra sendo esse seu ponto mais forte, visto pela primeira vez é bastante forte e comovente, talvez o filme mais comovente que já vi. Contudo não é uma obra prima, os personagens possuem algumas incoerências como Seita decidindo sair da casa da tia por orgulho. A mensagem anti-guerra do filme está bem fundamentada ao abordar o ponto de vista civil, incluo na lista dos top filmes de guerra;

8/10

Castelo animado: é um filme de entretenimento sobre entretenimento, castelo animado faz parte desses filmes fantásticos como Castelo no Céu e Viagem de Chihiro. Começando pelo detalhe técnico, é simplesmente um dos maiores se não o maior trabalho técnico da Ghibli, os cenários são extremamente vivos, essa mistura de cenário vitoriano steampunk com traços medievais que contrastaram entre natureza e máquina torna esse o filme com o melhor cenário, somado a bugigangas e magias fazendo ainda mais vivo, a trilha sonora é a melhor, basicamente possui uma das trilhas mais icônicas dos animes e quem sabe de todos os meios, no não é exagero. Infelizmente é o único ponto forte do filme, em termos de escrita é um desastre infelizmente, é bastante apressado e atropela vários acontecimentos em um nível que algumas coisas se tornam até ambíguas, já vi várias críticas dizerem que o drama da protagonista gira em torno de sua insegurança com a beleza e etc, pero no, não parece afeta-la fora da aparência. Sobre a aparência dela mudar constantemente eu não entendi realmente, alguns dizem que é um criticismo sobre a beleza e a superficialidade, mas sinceramente, quem se importa? Não existe um padrão emocional porque a personagem é bastante plana, está sempre com a mesma expressão e já sabem. Fora disso o filme não tem foco, não sabemos exatamente o que os personagens estão procurando e no fim não parece relevante porque tudo recai em absurdismos fazendo o filme ser carente de uma mensagem realmente importante. O passado dos personagens também é bastante ambíguo e incoerente, existe um cenário de guerra que serve apenas como transfundo porque não é explicado quem está guerreando contra quem. Somado a isso o filme é um sonífero por si só, ele tenta gerar tensão mas pelo seu caráter demasiado mágico acaba gerando indiferença já que sabes que terminará bem com o poder do amor e da magia, em resumo é um filme ruim com uma das melhores direções artísticas desde Akira, um genuíno desperdício;

4/10

Ocean Waves: oh que tal falar de outro filme monótono onde não acontece nada? Ocean Waves é um desses soníferos feitos por Ghibli para hmm... não sei, a história gira em torno de Morisaki e Rikako, Morisaki é o rapaz decidido e corajoso e Rikako é um protótipo bem pobre da Asuka, sendo histérica, incoerente e emocionalmente instável, egoísta e bastante narcisista, genuinamente um ser desprezível. O filme começa com coisas que não importa até que Morisaki e Rikako se aproximam e estabelecem uma espécie de romance bem suspeito mas que é quebrado tão logo quando Rikako tem outro de seus surtos de histeria e narcisismo. É sério, essa guria não realça nenhuma virtude e não é que ela seja complexada ou algo do tipo, o pior de tudo é que não há carma porque simplesmente o protagonista se apaixona por ela ao final, que grande mensangem hã? Fora disso o restante dos personagens são planos e não ressaltam nada, andei ouvindo que o filme é acidentalmente lgbt(não busquei o motivo) ou seja lá o que for, digo que quem vê isso está mau da cabeça, não é porque Morisaki não quis ficar com a pretendente do seu amigo que ele é gay, quem pensa assim está mentalmente enfermo. O restante é Ghibli, animação bonita, cores vibrantes e muito material para AMV, como história é péssima, monótona e carrega um certo anti-valor;

4/10

Contos de Terramar: OH BOY, lembro que li uma resenha de JAJL(recomendo) sobre e pensei que estava exagerando quando disse que esse é filme é horroroso, pero nop, esse filme é um desastre e concorre para ser o pior filme do estúdio. É até difícil explicar cada um dos erros desse filme porque são muitos. Em primeiro lugar o ritmo, o filme não é apressa, atropela acontecimentos, de repente estamos em um reino onde está sendo explicado como o mundo está em decadência, espere, pulei uma parte, antes estamos em um barco com dois dragões que começam a lutar entre si dando uma pista de que será algo importante mas não, o dragão só volta a aparecer no fim do filme como encerramento. De pronto estamos no reino e eis que o filho do rei decide mata-lo por zero razões, ah espere, ele é um emo que quer se matar, é que o filme não explica nada. De repente então estamos no deserto com o príncipe lutando contra lobos, é um aspecto que odiei nesse filme, o ritmo simplesmente não dá descanso entre os acontecimentos é insanamente rápido e isso é muito ruim pois destrói o raciocínio e a construção de personagem, não tente me fazer crer que um personagem que foi porcamente introduzido é agora um personagem complexo com dilemas e defeitos, nop. O filme também possui elementos filosóficos, discussões sobre o equilíbrio, sobre as consequências da imortalidade, depressão, escravidão e sobre o valor da vida, em papel soa como obra prima mas em execução esses diálogos não conectam com as ações dos personagens, de repente estão trabalhando e começam a filosofar sobre a vida. De nuevo, tomem Dostoyevsky como exemplo, os discursos filosóficos devem ter coerência com o que está ocorrendo na história.

O protagonista além de estar porcamente caracterizado, possui uma espécie de transfundo psicológico que é impossível de conectar porque não sabemos quase nada desse cretino, sabemos que ele matou seu pai e pronto, sua caracterização é bastante plana e contraditória e termina igual, os outros personagens são igualmente ruins em caracterização, são planos ou unidimensionais, tomem os vilões por exemplo, apesar de que o vilão final tenha uma motivação interessante de se explorar, termina que ele também é plano igual ao restante dos personagens. O filme tem uma moral de "a vida vale a pena e a imortalidade é burrice" que é uma boa mensagem mas que não conecta devido aos vários erros que mencionei antes. A produção também não é grande coisa, os personagens possuem designs bastante básicos e o cenário é bastante clichê sem muita coisa interessante. Em resumo é um desastre de filme e um dos piores se não o pior do estúdio;

2/10

Vidas ao vento: outro filme com transfundo de guerra igual a Túmulo dos vagalumes explorando os efeitos da guerra? hmm, heh, não, é filme monótono sobre um rapaz que desenvolve aviões para o exército japonês. Como de costume, possui uma produção impecável com atenção ao movimento e detalhismo absurdo em cenas de ação, a trilha sonora é bonita e apenas. Se critiquei o ritmo atropelado de Terramar, esse aqui tem um ritmo bastante lento, podes tirar uma soneca e deixar o filme passando. O tom não é muito adequado para a situação, está cheio de cores vibrantes e músicas alto astral que não fecha com a atmosfera obscura do filme, com um cenário pré-guerra, contando com terremotos e temas como doenças terminais e crise econômica, com tudo isso o filme é muito leve para o meu gosto, como é um registro biográfico o autor não pôde colocar mais coisas e acaba que os personagens terminam planos sem muita coisa para falar. É interessante o drama do protagonista já que este sendo um arquiteto de aviões, tem o trabalho de evoluir tecnologicamente o japão para se igualar aos europeus ao mesmo tempo que tem de cuidar da sua esposa que está com uma doença terminal. A mensagem do filme é que nem tudo é rosa e a vida está cheia de dificuldades, o que é uma boa mensagem, mas não é mais que isso. Devido a ser um filme biográfico o autor não quis dar muita ênfase na personalidade dos personagens, o que não é desculpa e o filme segue sendo fraco;

5/10

Ponyo: mais do mesmo, É totoro 2, nada acontece, há elementos sem explicação e boa animação. É uma tentativa de Miyazaki tentar repetir glórias passadas, também é uma tentativa de tirar o monopólio da Disney, os desenhos são bonitos e imaginativos, como de costume. O filme é abordado desde o ponto de vista de uma criança o que como podem imaginar não funciona e tornou os personagens planos deixando o filme ainda mais entediante e monótono. Nem todas as cores bonitas podem salvar um filme no? É um filme family friend que não tem pretensão de ser grande apesar de parte do filme tentar de forma pretensiosa, dar uma mensagem sobre o valor da infância ou ecologia, de resto é cutie e MY FEELS, na verdade não me recordo muito porque dormi assistindo. PS: é tão infantil que passou no Discovery Kids;

5/10

Viagem de Chihiro: Oh, que tal falar do magnum opus do estúdio Ghibli? Seu melhor filme, com a melhor animação, com a melhor trilha sonora com personagens cativantes com tons psicológicos ao mesmo tempo infantis e inspiracionais? Ei está falando de outro filme porque não é o caso de Chihiro. Chihiro é um desses filmes fantásticos da Ghibli que não ressalta nada e que serve apenas como entretenimento. O cenário é inspirado em várias lendas japonesas e ocidentais, tudo está bem cuidado, o cenário é bastante vivo e a trilha sonora é ok. Possui um engenho técnico interessante que pode dar margem a interpretações que quase sempre caem em "overthinking"(pensar demais). A personalidade dos personagens como de costume é plana e sem muita coisa pra ressaltar, o mundo possui regras contraditórias que não servem para nada se não para eliminar a tensão do filme. Outro problema do filme, é que não há tensão, todos os inimigos de Chihiro agem de forma incoerente, uma hora estão tentando mata-la em outra a querem por bem, ela também tem um romance meia boca com Haku que perdeu as memórias da vida real porque esqueceu seu nome, o irônico é que Chihiro relembra seu nome de forma bastante conveniente. Os vilões são igualmente planos e em vez de serem ameaçadores com intuito de gerar tensão, terminam sendo inúteis. A mensagem final também é ambígua e sem sentido, temos histórias similares como Coraline onde a mensagem é sobre aceitar a realidade e negar o escapismo, aqui só há cores bonitas e uma animação impecável e icônica, de modo que é Howl's moving castle 2;

4/10

Da Colina Kokuriko: ou Kokorikó, não sei, é outro filme monótono e sem sal sobre coisas mundanas. Esse filme sofre do mesmo que em Ocean Wave, só que aqui é ainda pior pois os personagens não tem carisma nenhum, existe o transfundo de guerra mas não é relevante na história, é apenas um elemento. Outro problema é que como não há nada relevante acontecendo o filme acaba que não sabendo para onde dirigir o foco, é como se o filme não tivesse propósito em si mesmo. A "trama" principal depois de uma hora, é revelado que gira em torno de uma relação incestuosa entre a protagonista e o deuteragonista, a protagonista sofre porque não pode tê-lo como noivo e de pronto descobre que não são irmãos e viva! Noivos, hmm, é só, não há nada nesse filme, nem pela animação vale porque é inferior a muitos dos trabalhos da Ghibli. Poderia ser sobre os problemas de uma relação, dos aspectos da adolescência e já que a trama é mundana então por que não dar aos personagens personalidades excêntricas e características coloridas como em Kare Kano? Aqui os personagens, como já mencionei, são secos e sem vida e nem como entretenimento serve, definitivamente, Goro Miyazaki tem problemas para escrever roteiros;

3/10

Em conclusão, Ghibli tem mais notas ruins do que notas altas, o que não tira o mérito do estúdio já que analiso desde a perspectiva crítica, em termos comerciais é um sucesso como estúdio, aprendemos aqui que o fato de algo ser popular não significa nada sem um roteirista, ainda sim recomendo várias de suas obras, coisas como Túmulo dos vagalumes ou Princesa Mononoke são sem sombra de dúvidas algo memorável.


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American Beauty review

Posted : 1 year, 10 months ago on 8 July 2022 09:48 (A review of American Beauty)

Beleza americana ou American Beauty é um desses filmes de midlife crisis sobre uma família que se encontra decadente e a beira do colapso, o nosso herói Lester Burnham é o modelo de pai padrão, que tem um emprego padrão e uma família padrão e um bairro padrão, basicamente o americano médio em toda a regra, sua mulher é padrão e sua filha é uma emo gótica ou sei lá que diabos, que lhe odeia pelo fato de não ter recebido atenção na infância, sua mulher odeia ele porque... No se, midlife crisis. Basicamente Lester levava uma vida padrão ao mesmo tempo que em seu íntimo ele odiasse tudo que conquistou porque sabia que era tudo superficial e sem sentido, trabalhando em um emprego que odeia sem sexo e com uma família que por dios.

Basicamente e em poucas palavras, American Beauty é um desses filmes satíricos que busca evidenciar a decadência moral e mental dos americanos no início do século vinte e um. Um filme sobre a quebra desse ideal de "vida perfeita" largamente disseminada em séries pra gente branca. O filme é uma crítica social(uau!!!) sobre como os americanos estão dominados pelo materialismo, pelo comodismo, hedonismo, sodomia e por vários outros que nem vale mencionar(drogas) é um retrato diria que um tanto fiel, não para a época mas para os dias atuais. A crítica feita na obra é sutil em termos de execução, não é nem excessivamente cômico, metendo comédia em cenas que não deveria ter comédia, nop, aqui a comédia está equilibrada e balanceada com o tom grotesco do filme.

Sobre a crítica do filme, é interessante notar que esse filme pode ser usado tanto por tradicionalistas como por esquerdistas. Os vermelhos dirão que esse filme ilustra a farsa do sistema capitalista e sobre como ele enterra a humanidade e resume tudo a lucro e aparência, já os altr1ght podem dizer que isso é consequência direta do liberalismo e do progressismo, sobre como o feminismo e a emancipação das mulheres desgastou profundamente a instituição familiar, todos temas abordados no filme. Podemos dizer que cada um tem um pouco de verdade, é notório que os países de dominados pelo capitalismo(primeiro mundo) compartilham muitas características entre si, como os altos índices de depressão, drogas, promiscuidade e materialismo ao extremo, por outro lado parte dessas coisas só foram possíveis graças as revoluções liberais que anulam a existência de Deus(a moral).

Direi que o filme não é nem um nem outro e se encaixa mais em uma categoria de filme antissistema tal como Clube da Luta ou Um dia de fúria. Sobre os personagens... Bién, tirando Lester e seu drama de meia idade, o restante dos personagens ou está para complementar seu desenvolvimento ou são totalmente desconexos, começando pelo sujeito metido a school shooter que filma coisas, qual o significado desse personagem? A trama inteira dá indícios de que vai fazer algo bombástico e termina não fazendo nada, dá indícios de que tem planos mas nada acontece, dá indícios de que vai matar alguém e nada acontece. O mesmo para o coronel da marinha, qual o sentido de tudo isso? Sua esposa, suas armas, sua sexualidade secreta? Simplesmente não tiene sentido.

O restante, ou seja, Carolyn e Jane, apesar do drama de Carolyn ser bastante humano, sua conclusão termina ambígua sem conclusão real, sendo ela uma tipa que vive de aparências e de consumismo barato, Jane é uma guria reclamona metida a emo que odeia seus pais por não ter recebido atenção suficiente, um tipo de personagem que não me agrada como já devem saber, seu arco de personagem é um tanto vazio e contraditório, ela se odeia porque se sente insegura e desconta essa insegurança nos pais(uau 97% dos zoomers). Contudo o personagem de Lester Burhman(Kevin Spacey) merece uma menção, seu personagem é profundo e tem nuances psicológicas, seu drama e conclusão são belíssimos, com ele ao final entendendo o valor da sua família e de tudo que construiu se arrependendo de suas escolhas, isso é, seria se não fosse pelo final.

Beleza americana é um tanto polarizante, por um lado me agrada o drama do protagonista, por outro há muitas pontas soltas e coisas que ficaram de fora do roteiro, sua crítica é até certo ponto válida já que pode ser analisada desde diversos espectros políticos e a mensagem em si também não sei se é positiva ou negativa, por um lado Lester finalmente aprende a viver, praticando esportes, tendo uma vida mais tranquila ao mesmo tempo que consegue lograr parte dos seus sonhos resgatando essa essência de se estar vivo, no entanto essa mensagem é um tanto anulada quando o mesmo protagonista usa de drogas e prostitutas. O que dá um tom trágico já que a única pessoa que se importou, pelo menos por alguns minutos, com Lester foi exatamente uma dessas.

É uma obra interessante e me fez lembrar outras obras similares como Casino ou Irmãos Karamazov, que são melhormente executadas:
fico com um:

6/10


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A Silent Voice (2016) review

Posted : 1 year, 10 months ago on 6 July 2022 09:26 (A review of A Silent Voice (2016))

Oh que tal falarmos de um anime que já saiu do hype há quase uma década? Demorei quase uma década pra ver esse anime porque sinceramente não me agradava a estética e plus! Continua não me agradando, Koe no Katachi ou A voz do Silêncio é um desses animes de drama "psicológico" slice of life com escolas e colegiais porque MY FEELS! O drama gira em torno de Shoya Ishida um colegial e uma surda muda chamada Shouko Nishimiya do qual possuem uma relação violenta que gira em torno de bullying, e aqui já começamos com o pé esquerdo, a relação inicial de Nishimiya com Ishida é simplesmente vitimismo e forçação de barra que chega a inclusive a ser cringe. Ishida é um cretino que pratica bullying com uma surda e muda por literalmente zero motivos, não que o bullying em si tenha motivo prévio ou seja lá qual for, é só que é um tanto antinatural a forma como os dois começam a interagir.

Ok, Ishida é um cretino que trata mau Nishimiya por ser um cretino, a segunda parte do filme então gira em torno de Ishida tentando se redimir após anos sofrendo escondido, carregando esse peso na consciência de abusar de uma deficiente, pero wey, aqui cabe um destaque para um desenvolvimento de personagem certamente no? Com Ishida aprendendo sobre os seus erros e mudando conforme o filme avança, infelizmente não é nada disso, desde aí caberia um excelente arco onde o protagonista descobriria as dificuldades de ser bom, aprenderia sobre consequências e karma, pero nop, tudo isso é cortado do filme por um time skip que pula para quando ambos já estão crescidos. O desenvolvimento de Ishida é skipado e eis que estamos ainda na maldita escola com Ishida tentando reparar o que fez a Nishimiya, Ishida é um protótipo de um personagem existencial que é uma categoria de personagem com problemas psicológicos e existenciais graves. O lance com Ishida é que ele tem depressão e dificuldades se adequar a sociedade.

Menciono que é um protótipo porque seu personagem não teve um desenvolvimento decente já que foi tudo cortado, sobre Nishimiya, é uma tipa que é kawai e fofinha porque MY FEELS! não tem muito desenvolvimento e sua personalidade gira em torno de ser submissa que por si só é uma fantasia e idealização feminina. O restante dos personagens são planos e pouco relevantes, dou créditos a menina de cabelo preto que eu esqueci o nome(Naoka Ueno) que é a figura histérica e malvada que atormenta a nossa querida protagonista porque sim, demonstrando em várias ocasiões o quão sádica e histérica é. Em primeiro lugar, quem é essa chica? Simplesmente foi introduzida na segunda parte do filme dando a entender que possui uma certa paixão secreta por Ishida que nunca é revelada e ela termina sendo menosprezada por todos, ao menos o final é justo, seu personagem serve mais para vitimizar Nishimiya.

O anime termina de forma apressada sem nos explicar porque demônios Nishimiya tentou se suicidar, qual era a razão? Apenas porque uma lhe tratou mau? Aí entramos em outro problema com esse filme, simplesmente não existe drama, existe melodrama e de mui baixo nível. Os personagens derramam lágrimas a cada maldita conversa, é uma quantidade exagerada de choro para algo que sinceramente, não é para tanto se considerarmos que pouca coisa ocorreu em duas horas de filme, a questão de Nishimiya ser surda e muda também não é grande coisa já que em nenhum momento o filme explora as reais dificuldades de ser deficiente, não é como em Mary and Max ou It's Such a Beautiful Day onde os personagens sofrem em decorrência de suas deficiências, aqui a personagem está triste simplesmente porque alguém lhe insultou, oh que horrível! MY FEELS! E o final é lágrimas e mais lágrimas porque MY FEELS.

Brincadeiras a parte, Koe no Katachi aplica de forma bastante errada a questão do drama, o que torna uma situação realmente dramática não são as lágrimas ou efeitos noir na tela, basicamente o que torna um drama bom é a sutileza com a qual este se insere na história, um bom drama deve ser construído com base nas ações dos personagens em vez de situações fabricadas pelo roteiro, porque isso é mais que um drama mau feito, é manipulação emocional. Um bom drama não deve ser exagerado como no filme em questão, uma forma correta de redigir o drama de Nishimiya seria com ela enfrentando as consequências mundanas de ter essa deficiência, sua dificuldade de se adequar a sociedade a comunicação, todo o drama de Koe no Katachi é baseado em situações forçadas que servem única e exclusivamente para manipular a audiência utilizando-se da sua produção colorida e chamativa, em poucas palavras, um filme ruim.

4/10


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Russia review

Posted : 1 year, 10 months ago on 30 June 2022 12:45 (A review of Russia)

Falar sobre a Rússia é sempre interessante não só pela história rica e conturbada dela como também é pela ampla gama de artistas e escritores desse povo, sendo Moscou considerada a capital da literatura, o que pode gerar controvérsias entre aqueles que não apreciam tanto o amplo arsenal artístico desse país. Pessoalmente acho a Rússia o país mais fascinante em termos tanto artísticos como histórico já que é um país que passou por inúmeras tragédias e fatos sombrios como as revoluções comunistas do século 20. Contudo nessa análise tentarei me deter em comentar mais o aspecto artístico-literário e algumas explanações a respeito do cenário cultural e intelectual da Rússia nos séculos 19 e início do século 20, gerando uma espécie de revisão, bem como apontamentos sobre o panorama geral dos escritores e artistas russos. Falar de literatura russa é sempre fascinante, eles produziram vários dos melhores escritores que já existiram como Dostoyevsky ou Tolstoy, sempre explorando um lado mais psicológico e mais humano abordando temas realmente relevantes como o niilismo, determinismo, socialismo, teologia e etc. Parte desse brilhantismo descende da Europa de escritores como Lorde Byron ou Goethe que influenciaram grandemente o primeiro nome dessa lista;

Aleksander Pushkin: considerado pai da literatura russa, descendente de escravos africanos Pushkin cresceu sob forte influência do romantismo britânico onde veio a escrever algumas obras que foram essenciais para fundamentar as bases do que viria a ser a literatura russa como Eugene Onegin e a Dama de espadas, que dando spoilers, viria a inspirar obras de peso como Crime e Castigo de Dostoyevsky. Sua escrita como já referi, tem raízes no romantismo britânico semelhante a coisas como Shakespeare ou o Byron sendo em termos mais simples muito mais um poeta que um romancista, de caráter mais liberal tendo inclusive participado de movimentos anti-czar como o movimento dos "dezembristas".

Sobre as suas obras, temos Eugene Onegin que conta a história de um dandi (cavalheiro nobre) que sofre com alguns problemas existenciais como o tédio e a falta de prazer nas coisas, Onegin pode ser descrito como um leve retrato da aristocracia russa, onde nos coloca na pele de um sujeito egoísta, cínico e vaidoso, indiferente as pessoas, seu final é trágico e cabe uma certa análise; a morte de Lensky pode representar a morte da sinceridade em Onegin. É inclusive por essa acidez em relação a nobreza que fez Pushkin ser usado pelos bolcheviques como propaganda contra a elite. Seus outros trabalhos apesar de não serem tão complexos são dignos de menção, obras como "O Tiro" que narra alguns temas como o orgulho ou a humilhação que seria ampliada em obras mais robustas como "O Idiota". Também temos obras como a "A dama de espadas" que narra a história de um alemão que fica encantado com algumas capirotagens de uma condessa e planeja descobrir esses segredos no entanto as coisas terminam mal. A dama de espadas é mais um experimento que serviria de inspiração para obras mais complexas com Crime e Castigo. Apesar de não ser o autor mais transcendental Pushkin foi quem logrou sedimentar um espaço para a Rússia no cenário literário europeu, seu fim, apesar de irônico carrega consigo um grande legado(a saber ele morreu em um duelo, tema recorrente em sua obra) tal como Shakespeare, Camões ou Homero. Ele também solidificou um formato de história que influenciou o próximo sujeito da lista;

Nikolai Gógol e o humor trágico: seguindo a linha temos Gógol que é sucessor de Pushkin em termos de escrita, ele aprofundou aquilo que Pushkin vinha desenvolvendo em sua obra, com tons mais críticos em relação a classe mais baixa denunciando a mediocridade, falta de empatia e cinismo, o que não quer dizer que ele era algum tipo de classista ou algo do tipo, ele em verdade estava criticando esse estilo de vida medíocre que os russos levavam, um exemplo disso é "o capote" sua obra mais famosa que retrata a vida medíocre de um conselheiro titular copista chamado Akaki Akakievitch(nome ruim) um homem medíocre e sem graça, foi funcionário público durante toda a vida até que decide comprar um capote caro juntando vários anos de dinheiro. Esse romance é mais uma denuncia sobre as péssimas condições que viviam e a mediocridade do pensamento médio, Akaki morre terrivelmente e volta para se vingar como fantasma, sendo essa a parte cômica dessa história, um humor sadista e que sinceramente me agradou bastante pelo grotesco e irônico que é, assim é muita de suas obras como o "diário de um homem louco" onde é abordado a questão das doenças mentais de um esquizofrênico que crer ser o rei da Espanha, sua mistura entre os tons de humor e tragédia são bem construídos apesar de que em geral sua obra carece de um maior aprofundamento filosófico e psicológico, contudo foi graças a sua obra que outros autores conseguiram tirar a base para coisas mais complexas como "A Morte de Ivan Illytch" de Tolstoy. Como diria Dostoyevsky "todos viemos de O Capote" referindo-se a literatura russa já que sua obra influenciou vários outros como Ivan Turgueniev, Maiakóvski, Tolstoy,Tchekhov, Gorki e etc.

Tolstoy e a paz na guerra: com Gógol e seu celebre romance "Almas Mortas" é inaugurado uma nova era no cenário literário russo, a Golden Age da literatura iniciou com Gógol e seguiu até Tolstoy em seu célebre livro "Guerra e Paz" que narra as batalhas napoleônicas na Rússia, o romance gira em torno de Pierre Bezukhov que após receber uma fortuna de herança é obrigado a lidar com as responsabilidades desse status social, passando por dilemas filosóficos e espirituais se aliando até a franco-maçonaria, Pierre, se depara então com o fantasma da guerra, seu amigo Andrei Bolkonsky(importante personagem) se decepciona com o mundo após se ferir gravemente, caindo em uma espiral de niilismo. Enquanto isso a batalha entre as tropas de Moscou e as tropas de Napoleão, liderados por Mikhail Tukuzov(general da vida real) os russos conseguem vencer os invencíveis franceses. Para contextualizar melhor, esse romance é um livro histórico sobre as guerras napoleônicas com foco na invasão à Rússia durante o reinado de Alexandre primeiro da família dos Romanov. Nesse período conturbado, a frança vinha através de Napoleão Bonaparte, derrubando monarquias com intenções de estabelecer um governo mundial sobre os ideais revolucionários de liberdade, igualdade e fraternidade, ideais que colocaram abaixo a monarquia de Luís xvi e que estabeleceram uma nova era na humanidade que seguiria pelo caminho do racionalismo, antropocentrismo e "igualdade social" os lemas da nova ordem mundial. Como boa parte da Europa havia sido anexada pelos franceses, restava o inimigo mais forte, os ingleses que são geograficamente separados da Europa, em retaliação aos embargos econômicos e bélicos dos ingleses à França, Napoleão ordenou a todos os países um bloqueio de exportações para a Inglaterra, que ficou conhecido como o bloqueio continental, vendo que seria seriamente prejudicada a Rússia decidiu não aderir ao bloqueio o que serviu de motivo para que Napoleão e suas tropas invadissem a Rússia. Outros países como Portugal também decidiram negar o bloqueio econômico imposto pela França, o que ocasionou o envio de tropas para Lisboa obrigando o rei Dom João Sexto a evacuar estrategicamente para o Brasil, sua colônia na época, para evitar ser deposto, o que poderia invalidar o reinado sobre a colônia brasileira, fortalecendo suas tropas. Enquanto as tropas de Napoleão avançam até Moscou sem muita resistência, os campos e colheitas eram devastados pelos próprios russos, a famosa tática da terra arrasada, uma estratégia criada pelos citas contra o rei Dario e que foi aplicada por Tukuzov e com a ajuda do inverno, as tropas napoleônicas foram reduzindo-se até a batalha de Borodino onde as tropas de Tukuzov enfrentaram os franceses e empataram provocando inúmeras mortes, apesar do empate, os russos saíram moralmente vitoriosos já que acreditava-se impossível vencer o exército francês. O romance de Tolstoy logra retratar historicamente várias batalhas desse período, narrando o cotidiano dos soldados com uma certa exploração psicológica sendo o maior épico dos tempos modernos. É um dos livros mais importantes da história e ainda sim não considero tão grandioso pois possui um certo melodrama em alguns momentos e conta com tantos personagens que é difícil se apegar.

A morte de Ivan Illytch foi outro grande trabalho de Tolstoy e um dos mais obscuros, que narra a história do juiz Ivan Illytch que após se ferir gravemente acaba ficando acamado passando seus últimos dias em uma espécie de transe refletindo sobre toda a sua vida, tocando temas como a responsabilidade pessoal, sentido da vida, falta de amor e futilidade com Ivan Illytch chegando a conclusão final de que viveu sua vida erroneamente, sendo um homem frio em um emprego que ele odeia, com uma esposa que não o ama sem ter aproveitado nada da vida, é um relato angustiante e uma crítica ao funcionalismo público altamente influenciado pelo "Capote" de Gógol, na verdade poderia considera-lo a versão definitiva de "O Capote". Considero essa sua melhor obra.

Ivan Turgueniev e o Niilismo: com Tolstoy a literatura russa ganhou tons mais realistas, no entanto na Europa pós revolução, ideias novas surgiam e rodavam o imaginário intelectual da época com obras que enalteciam o utopismo, a igualdade como as obras de Russeau que influenciaram grandemente Tolstoy em seu livro Guerra e Paz onde ele elabora melhor a tese de Russeau, de que somos produtos do meio, de que o homem nasce puro, que é possível alcançar o paraíso na Terra onde todos somos iguais, temos também sujeitos mais exóticos que pregavam a anulação das leis morais, que pregavam o absurdo do mundo, suas contradições e injustiças alegando que nada faz sentido, os famosos niilistas. Foi na obra de Ivan Turgueniev que o termo Niilismo se popularizou, onde o protagonista do romance Evgueni Vassílievitch Bazárov alega não acreditar em nada, nem em Deus, nem na filosofia, apenas na ciência e no empirismo, algo bastante similar as ideias kantianas, ignorando o fato de que a própria percepção humana da realidade é limitada. Críticas a parte o personagem de Bazárov em Pais e Filhos representa o surgimento do Niilismo no cenário intelectual russo, que faz parte dessas idéias importadas da Europa já que, antecipando a crítica a Dostoyevsky, os intelectuais russos agiam com um certo servilismo em relação aos europeus, o racionalismo era moda e a "queda" da metafísica antecipada por Kant foi o estopim para outras ideias como o egoísmo racional de Stirner, o evolucionismo de Charles Darwin, o comunismo de Marx e Engels e etc, todas essas teorias romperam com transcende e a espiritualidade, anulando Deus da equação, o resultado disso é o que vemos e vimos no século 21 e 20, guerras, matanças, destruição dos valores, da fé, da religião, deturpação da ética, da natureza, da arte e etc. Mas essa crítica eu deixo para que Dostoyevsky explique.

Dostoyevsky e o realismo: é impossível falar de literatura sem mencionar Dostoyevsky, o russo além de possuir uma obra vasta e longa tem o mérito de ter sido lido mundialmente, suas histórias alcançaram boa parte da Europa e moldou a literatura positivamente. Dostoyevsky é meu escritor favorito de todos e creio que valha a pena explicar um pouco de sua história. Dostoyevsky desde cedo bandonou a carreira militar delegada por seus pais e decidiu virar escritor se aliando a um grupo anti-czarista chamado "círculo de Petrashevsky" um grupo de intelectuais socialistas da época, como podem imaginar, devido a dura perseguição do regime czarista, muitos foram presos ou simplesmente fuzilados, nesse tempo dostoyevsky publicou seu primeiro livro "gente pobre" que é um retrato da pobreza que assolava a Rússia, dando especial atenção a situação dos mujiques(camponeses russos). É impossível analisar gente pobre sem entender o contexto tanto do escritor como da própria Rússia, vivendo nas reformas liberais promovidas pelo regime do czar, nesse período a Rússia estava sendo tomada intelectualmente pelos socialistas e niilistas importando ideias da Europa. Após ser preso e quase ser condenado a morte, Dostoyevsky muda radicalmente de ideia e deixa de simpatizar com o socialismo e passa a criticar duramente as ideias seculares se voltando ao cristianismo e a ortodoxia. Apesar de que não menosprezo sua fase socialista, já que as suas obras desse período são realmente boas, no entanto é em sua fase pós exílio que ele se solidifica como o maior escritor da Rússia produzindo suas principais obras: Memórias do Subsolo(1864), Crime e Castigo(1866), Os Demônios(1872), O Idiota(1867) e Irmãos Karamazov (1879)

Começando por memórias do subsolo que narra a história de um homem sem nome que viveu sua vida inteira em um subsolo longe da sociedade, o romance do subsolo é uma crítica feroz aos autores niilistas já que Dostoyevsky nesse período expressava características bastante reacionárias, parte dessa crítica é dirigida a Chernichevski e sua obra "o que fazer" uma obra cheia de feminismos e poligamia que não darei valor pois considero lixo revolucionário "qualquer pessoa consideraria a leitura desse livro tão saboroso quanto comer areia ou serragem" me intriga que esse sujeito fez inclusive Marx aprender russo apenas para lê-lo. Entre miúdos Subsolo também é uma crítica ao individualismo denunciando questões como o abandono, a responsabilidade pessoal, a falta de amor ao próximo, questões que seriam cruciais para as suas próximas obras como Crime e Castigo. Crime e Castigo narra a história do estudante de direito Rodion Romanovich Raskolnikov(me encanta falar esse nome) que decide matar uma velha usurária para pagar sua faculdade, é mais um retrato do abandono, da pobreza e da miséria que estava afundada a Rússia, mostrando o lado mais humano e realista abordando temas como a culpa, consciência, perdão e etc.

O Idiota e o drama de ser bom: já fiz uma resenha/análise desse, cabe ressaltar que essa obra tem um teor mais religioso e trata de temas como a dificuldade de ser cristão, sobre o materialismo e várias outras questões expandidas de forma que é possível se identificar com os protagonistas, meu problema maior com a obra de Turgueniev é que seus personagens são mais lembrados pelas suas ideias do que pela personalidade ou por algum desenvolvimento, Dostoyevsky também cometeu esse erro em algumas ocasiões mas em geral sua obra conta com personagens bem desenvolvidos em relação a suas ideias e psicologia. Aliás esse livro também explana bastante sobre o cenário social da Rússia onde o ateísmo se converteu em uma moda entre os jovens, muitos influenciados pelas ideias revolucionárias.

Os irmãos Karamazov é o evangelion da literatura?: Sua obra final, considerada por Freud e Nietzsche como o melhor romance já escrito, Os irmãos Karamazov narra a história da conturbada família Karamazov onde o patriarca Fyodor, um bêbado boêmio que conseguiu dinheiro a partir da herança de suas falecidas esposas, onde passa o dia em orgias na total falta de valores ensinando a seus filhos o ateísmo, o hedonismo, promiscuidade e tudo que a sociedade moderna ensina aos jovens atuais, Os irmãos Karamazov é o retrato da carência total dos valores cristãos e a consequência primária do Niilismo existencial. Os irmãos Karamazov é a crítica mais dura e consistente a essa visão de mundo que anula Deus e um dos maiores retratos psicológicos que já escritos, sua mistura de temas religiosos com temas políticos e existenciais que de uma certa forma antecipa algumas coisas históricas da própria Rússia como o distanciamento da religião em busca do éden na Terra que como já sabem, provocou todo o caos e destruição do século 20, em termos artísticos esse livro é quase perfeito, digo quase pois o final não é de meu agrado e desejaria um final melhor para Alyosha, infelizmente o autor morreu antes de concluir a segunda parte.

Os demônios e a revolução: deixo os demônios por último pois se trata do texto mais relevante historicamente falando já que antecipou de forma escatológica o assunto do qual irei discorrer, a Rússia passava por momentos de transição onde as ideias liberais passavam, devido a queda da monarquia francesa e a ascensão dos jacobinos bem como o império de Napoleão, fez como que os intelectuais de esquerda se maravilhassem com a possibilidade de romper com as antigas tradições, somado a isso temos a ascensão das ideias marxistas que penetraram na Rússia, passando desapercebida em obras como as de Chernichevski, sendo também retratado o niilismo como apresentado na obra de Turgueniev ou mesmo que alguns círculos intelectuais cultuavam a obra de Russeau como o próprio Tolstoy em sua fase final, isso desencadeou o surgimento de grupos mais violentos como os bolcheviques e mencheviques que durante o período final da primeira guerra mundial tomaram o poder e tudo terminou em uma guerra civil onde os Bolcheviques liderados por Trotsky saíram vitoriosos sobre os mencheviques (liberais) liderados por Aleksander Kerensky, estabelecendo assim o que todos conhecemos como a temível União Soviética. Toda essa questão da revolução e das táticas usadas pelos revolucionários é amplamente discutida e desenvolvida no romance de Dostoyevsky, os demônios é uma sátira/tragédia que narra a vida de um intelectual liberal chamado Stepan Trofimovich Verkovensky que vive sobre os mimos de uma viúva e generala Chamada Várvara Stravoguina, ela o mima em uma espécie de relacionamento moderno, ela também concede a ele a educação de seu filho Nikolai Vselodovich Stravoguin, fora seu filho Piotr Stepanovich Verkovensky, filho de Stepan, para não confundi-los com esses nomes complicados chamaremos Stepan de Verkovensky Pai e Piotr de Verkovensky filho, o Verkovensky pai é um liberal e o Verkovensky filho é um revolucionário radical que sonha em destruir o império czarista. Já Stravoguin é mais um promíscuo hedonista fruto da educação intelectual que recebera de Verkovensky pai. Verkovensky filho em revolta contra a sociedade e tomado pelo Niilismo tenta armar uma revolução na Rússia incendiando uma favela e matando algumas figuras para gerar o caos atuando como um verdadeiro coringa só que com ideias fixas em vez de ser apenas caos pelo caos. Verkovensky filho sonha com uma sociedade igual onde a moral seja anulada e a beleza seja extinta, ele é a representação pura da falta de Deus sendo um ser altamente perigoso e violento, parte do que ele diz sobre a revolução pode elucidar muitas coisas sobre o atual cenário que vemos no Brasil "o juiz que absolve o bandido é dos nossos, o professor que ensina os alunos a anarquia é dos nossos, o intelectual que distorce a história é nosso amigo, o advogado que advoga pelo assassino é dos nossos, as igrejas estão vazias e os bares lotados, esse é o nosso objetivo, destruir a ordem" qualquer semelhança com a realidade não é mera coincidência. Já Stravoguin é apenas um promíscuo e seu personagem é o mais complexo da obra com ele protagonizando o capítulo mais macabro da obra(no spoilers). Quanto ao Verkovensky pai, é apenas um tolo liberal que acredita que estamos caminhando para o progresso, ele não é objetivamente mal, é até gentil, porém suas ideias levaram a criação de Stravoguin e Piotr. Uma das razões pelas quais considero Os Demônios superior a País e filhos é que sua crítica e análise do tema é mais profunda dando entraves mais psicológicos aos personagens e expandido o leque de temas envolvendo revoluções, crimes, sátiras e um genuíno desenvolvimento psicológico entre os personagens.

Tchekhov e o fim da Golden Age: não há dúvidas que os 50 a 70 do século 19 foram o auge da literatura russa, produzindo várias das peças mais profundas já escritas, é como a dark sci-fi age dos animes ou os anos 80 de Hollywood, simples o melhor estava lá e com o fim dela, marca-se o início da era de prata com o maior representante do período sendo Anton Tchekhov, um químico e escritor nas horas vagas, como ele mesmo dizia "a ciência é a minha esposa e a literatura é a minha amante" Tchekhov em geral produzia obras curtas, contos para se ler em mais ou menos uma hora ou não mais que isso. Não é um escritor complexo como Tolstoy ou Dostoyevsky e suas obras em geral são simples e carregam um certo engenho que podem prender leitores iniciantes. Suas histórias também possuem um lado bastante feminista que me desagrada Pero se é para desligar o cérebro eu recomendo, suas principais obras são: a dama do cachorrinho, o bilhete, a aposta e o vingador.

Gorki e Maiakóvski, os poetas da Revolução: com o fim da era de prata, a literatura russa teve um período de decadência devido as guerras e a revolução que toliu os direitos artísticos forçando muitos escritores e pensadores ao exílio ou mesmo a prisão nos tenebrosos gulags, como foi o caso de Soljenitsyne, que viera a escrever seu célebre livro "o arquipélago gulag". Contudo a arte conseguiu subsistir através da propaganda pró soviética (a única tolerada) e dentre esses escritores existiram Maiakóvski e Gorki. Maiakóvski era um revolucionário que participou da revolução bolchevique sendo um dos principais expoentes da era soviética, contudo seu valor como artista não é lá muito grande já que suas obras são em geral peças da propaganda comunista com toques poéticos a lá Pushkin sem muito o que comentar, Maiakóvski também sofreu uma certa perseguição pelos próprios membros do regime e seus últimos contos relatavam uma certa desesperança e fatalismo prevendo que a Rússia cairia nas mãos de autocratas megalomaníacos, pouco tempo após sua morte Stalin assume o controle da união soviética, ele morreu em 1930 por suicídio, existem fortes evidências de que o suicídio foi encomendado por membros do regime que estavam realizando uma limpeza entre os antigos membros. É um caso parecido com Gorki que fundou o "Realismo socialista" que é apenas um nome bonito para propaganda leninista, Gorki diferente de Maiakóvski, viu de perto os horrores do comunismo, em sua visita aos campos de concentração na ilha de Solovetski, porém nunca renegou as ideias. ambos autores expressam em suas obras um certo feminismo e apego às ideias marxistas, é por essa razão que são chamados "os poetas da revolução".

Este é o panorama breve da literatura, é óbvio que não há todos os autores ou todos os livros, deixei de fora alguns livros como Ana Kariênina Arquipélago gulag e Oblomov, porque farei uma análise separada desses livros, de modo que o quão bom é a literatura russa? É obrigatório eu diria para qualquer estudioso de literatura e considero sumamente importante ter pelo menos um breve contato com a obra de Dostoyevsky, também é inevitável para quem estuda história seriamente não esbarrar em títulos como guerra e paz ou Arquipélago gulag, concluo que foi uma experiência reveladora.

Ranking:
1-Dostoyevsky 9/10
2-Tolstoy 6/10
3-Gógol 6/10
4-Pushkin 6/10
5-Ivan Turgueniev 5/10


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Gabriel García Márquez review

Posted : 1 year, 10 months ago on 13 June 2022 01:04 (A review of Gabriel García Márquez)

Gabriel Garcia Marquez é um dos escritores mais icônicos de todos os tempos e o mais famoso de seu país, suas histórias alcançaram um grau tão elevado que a sua obra foi traduzida para inúmeros idiomas em todo o mundo estando do lado dos gigantes da literatura mundial como Miguel Cevantes. Contudo, sabemos que o fato de algo ser popular e aclamado pela crítica não significa que por consequência será algo bom, não é porque Harry Potter vendeu bilhões que é algo bom de certo, no Brasil temos Paulo Coelho que igual ao Gabriel, tem o mérito de ser reconhecido mundialmente ao passo que suas histórias em geral são fracas e medíocres. Seria esse o caso de Gabriel Garcia Marquez? Apesar de que não gosto nem um pouco da ideologia dele sendo ele amigo de Fidel Castro, não é lá um bom sinal, ainda sim eu sou obrigado a dizer que suas histórias possuem o mérito de serem criativas e distantes de clichês e mediocridades. Suas obras estão cheias de psicologismos e tratam de temas como responsabilidade pessoal e transcendência que recebe um toque aqui e ali de magia.

Se são ávidos críticos já devem ter notado que a magia é uma faca de dois gumes em uma história, pode tanto ser positiva quanto negativa, a forma errada de usar a magia em histórias é usando-a de forma a beneficiar sempre e incondicionalmente os protagonistas, seja através de profecias ou poderes sacados do nada. A forma positiva é simplesmente fazer com que a magia seja um elemento da história e não o foco da história em si, há que se estabelecer regras e limites de forma que seja um elemento neutro na história, algo que pode tanto beneficiar como desfavorecer os personagens, em hora de aventura por exemplo, a magia quando usada enlouquece os usuários.
A magia nas obras de Gabriel Garcia é sutil e é o jeito certo de se fazer, não é o centro e em alguns casos é inexistente já que o autor foca apenas nos personagens e na convivência diária com várias interações marcantes e familiares que quase todo latino americano já passou, de uma certa forma é esse o maior charme de sua obra, para os latino americanos como yo é uma experiência bastante familiar.

O problema do realismo:

O realismo na literatura brasileira possui vários defeitos que considero graves, o primeiro deles é de ser bastante panfletário e cheio de gore e exageros, sempre retratando as pessoas como miseráveis imprestáveis que estão presos a sua condição social incapazes de transcende-la. Fora que no geral as obras brasileiras se perdem muito em adjetivações desnecessárias que dá um ar de densidade temática quando em realidade é algo muito mais simples e sem dinamismo, é como se os escritores estivessem competindo para ver quem escreve mais difícil ao ponto que alguns são quase indecifráveis. Esse é um aspecto que admiro da literatura anglo, nela as coisas são mais simples e diretas, diretas mesmo quando os temas são sérios e densos. O realismo no geral é uma escola superior em sua própria premissa já que ela busca uma aproximação da substancialidade do gênero humano em vez de ser algo fantástico e improvável, buscando evitar os escapismos e a idealização do ser.

Todavia o fato de ser uma escola com premissa superior, não exclui o fato de que pode ser mau executada, como qualquer outro gênero ou escola literária há os bons e os maus exemplos. No caso do realismo, para um escritor medíocre é muito fácil cair em exageros onde para provocar sentimentos em nós leitores, os escritores abusam das misérias nos personagens gerando melodrama e histórias genuinamente ruins e em uma pretenciosidade narrativa. Outro aspecto que pode arruinar o realismo é o uso de temas filosóficos postos de qualquer maneira, existem exemplos corretos de fazer como Irmãos Karamazov onde os temas filosóficos e políticos são harmônicos com a trama e os personagens. Também pode causar estranheza se o leitor não for adepto da filosofia. De modo geral se é para colocar temas filosóficos ou políticos em obras realistas é necessário ter a conexão com a história e com os personagens, um pode representar ideologia política x e o outro y, assim por diante, é interessante também refletir a filosofia e a ideologia do personagem no próprio personagem, por exemplo, pessoas introvertidas tendem a acreditar em ideias mais individuais. De modo geral não é qualquer um que consegue escrever uma história de teor realista.

No caso de Gabriel Garcia o realismo é bem executado, os personagens e os temas são harmônicos e quando há carência de política, os personagens são devidamente caracterizados com facetas mais humanas dando um toque mais familiar, Ursula Iguaran por exemplo, é a típica mãe latina que esperaria, não é nem perfeita ou idealizada e nem é horrível como pessoa. Sem enrolação direi logo o parecer sobre a obra do Gabriel, antes devo avisar que não li tudo e deixei muitas obras de fora, as que li foram as principais obras, isso é: 100 anos de solidão, amor nos tempos do cólera, memórias de minhas put4s e crônicas de uma morte anunciada.

Amor nos tempos do cólera: começando por um romance nós temos amor nos tempos do cólera, que narra um romance nada convencional entre um médico e uma moça que dura mais ou menos 30 anos e após a morte do médico é que se inicia o romance com outro personagem, é confuso já que o romance não começa no início se não depois de alguns vários capítulos. A primeira parte narra o convívio entre Fermina Daza e o doutor Juvenal Urbino, a segunda é sobre como eles se conheceram e a terceira é sobre Florentino Ariza que mantém um certo romance por Fermina por décadas até que decide confessar o seu amor após alguns anos da morte de Juvenal Urbino. Bueno, Bueno, o quão bom é esse livro? Honestamente a primeira parte do livro é bastante divertida, narra todo o convívio de Urbino de Fermina, que é algo bastante familiar, ambos os personagens são carismáticos e o desenvolvimento e conclusão são até comoventes.

A segunda parte, que conta como Fermina e Urbino se conheceram também é interessante conceitualmente já que se trata de um romance que se desenvolve em plena pandemia de cólera. É algo bastante único o conceito de romance no meio de uma pandemia, aqui há uma exploração maior de Fermina enquanto que Urbino é meio ofuscado, já a terceira parte é sobre Florentino Ariza que passa por anos até se confessar e finalmente conseguir conquistar o amor de Fermina com o fim do livro. Posso dizer que o livro é uma desconstrução do gênero de romance pela peculiaridade e execução, estamos falando de um amor que se concretizou após quase meia década. Os 3 personage são interessantes e no geral o livro é divertido apesar de não ter conteúdos mais profundos:

8/10

Memórias de minhas putas tristes: eh sim, como explicar esse título? O livro narra a história de um exímio frequentador de bordéis que nunca logrou nada importante em toda a sua vida, sem nunca ter amado nem se dedicado a nada importante, um fracassado em toda a regra. De início tive uma surpresa por esse livro ter sido o último dele, é uma obra cheia de reflexões e psicologismos interessantes que chegam mesmo a lembrar coisas como memórias do subsolo. É basicamente um livro reflexivo e aborda algumas questões como a responsabilidade pessoal, a tristeza e o vazio existencial, o personagem principal é um ser medíocre que nunca teve a ambição de construir um nome ou nada do tipo e tentou suprir esse vazio com bebidas e prostitutas. Considero um bom livro e a mensagem é um tanto ambígua e a linguagem poética ajuda bastante, é como a morte de Ivan Illytch de Tolstoy, um genuíno Memento Mori onde o protagonista descobre o amor já na velhice e contém o tom macabro da prostituta ser uma garota de 14 anos, o tom é bastante pessimista.

8/10

Crônicas de uma morte anunciada: ao ler o título eu imaginei ser algo como Memórias póstumas de Brás Cubas, mas nop, é uma história sobre um rapa descendente de turcos chamado "Santiago Nasar" que após se envolver com uma mulher que ele descobre que não é virgem e é então que os irmãos dessa mulher juram vingança contra Santiago por ele ter manchado a honra. É uma história simples sem muito conteúdo para analisar, está cheio de poesia, coisa típica dele e solo, não há um grande desenvolvimento de personagem, apenas um retrato bastante fiel da América Latina no século 20 e há uma certa quantidade de gore que vejo desnecessário.

6/10

Cem anos de solidão: agora sim vamos para sua obra prima (segundo a crítica). Cem anos de solidão é sua obra mais popular e mais traduzida em todo o mundo, ela narra a história de uma família típica do Caribe narrando o percurso de várias gerações, começando com a primeira geração de José arcádio buendia e Ursula Iguaran, para em seguida a geração de Aureliano buendia, Amarante e José arcádio(dois) e assim sucessivamente até a última geração dos buendia que é a geração de Maurício Babilônia. No que concebe a qualidade do livro, é fantástica em termos de escrita, condensa todo o estilo literário do escritor com descrições divertidas e simples de entender, é apenas muito bonito de ler. Sobre os personagens, com exceção da primeira e da segunda geração, são conceituais mas funcionam dentro do contexto da história, alguns são repetitivos e com a justificativa de serem assim pela própria ontologia da obra que narra um ciclo de decadência de uma família marcada pela falta de amor ao próximo, pela frieza e pela degeneração moral.

É ao contrário de outras obras que tentam ser realistas, uma obra sobre consequências e responsabilidade pessoal, aqui os personagens são castigados pelas próprias ações em vez de ser algo puramente vísseral como outras obras da época que tentam emular esse realismo mágico. Como disse antes, os buendia da primeira e segunda geração são os mais complexos da obra e os mais bem desenvolvidos. É genuinamente uma tragédia bem construída que mostra os efeitos dos anti valores da sociedade liberal. Ainda sim não é uma obra prima e conta com alguns erros como não explicar certos eventos que, suponho seriam importantes para a obra ou de não aprofundar nas últimas gerações dos buendia, no mais é um excelente livro digno de elogios.

9/10

De modo que Gabriel Garcia Marquez é um escritor para lá de memorável, seus personagens são bastantes simpáticos com algumas excessões aqui e ali, sua obra é rica em poesia e apresenta a maneira correta de redigir o realismo literário sem cair em adjetivações desnecessárias ou em exageros grotescos para gerar chock, não li tudo dele mas pretendo adicionar mais obras à lista.

8/10


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