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Persona review

Posted : 1 year, 7 months ago on 26 September 2022 03:26 (A review of Persona)

Antigamente gostava bastante dos filmes do Bergman e desses filmes mais experimentais como Eraserhead ou Seventh Seal, eram interessantes em um momento porque davam a impressão de serem coisas muito profundas, mas com um pouco de maturidade entendi que algo não é profundo apenas porque se diz ou parece profundo, é mais um recurso estético que qualquer coisa, coisas simples como um filme de animação pode ser tão profundo quanto qualquer livro de filosofia e etc, tudo depende do gênio artístico do autor. Algo que detesto nesses filmes experimentais é justamente que não possuem personagens interessantes ou sequer algo que me prenda sem cair em um sono profundo, em grande parte esses filmes tentam ser diferentes ao ponto que deformam a narrativa tornando-a intragável e tão diferente que as coisas se tornam impossíveis de entender, caindo no subjetivismo.

O caso de Persona é para lá de curioso porque o drama não é subjetivo e tem contornos psicológicos, Persona é um filme sobre uma atriz que decidiu se isolar do mundo devido a problemas emocionais graves, tendo o acompanhamento de uma enfermeira que é a sua contraparte, que fala incessantemente coisas da protagonista como se coisas dela mesma, o que é um simbolismo do drama da protagonista entre o eu "pessoal" e o eu "atriz" o filme então relata em forma de diálogos muito chatos parte da vida da protagonista, digo chato porque são diálogos e diálogos sobre partes aleatórias dando-nos uma pista sobre o passado promíscuo dessa atriz. Algo que não é mostrado no filme é precisamente o que levou ela a esse estado, se foi a gravidez, a vida conjugal ou sei lá simplesmente enlouqueceu e ponto. Outro aspecto que pode soar negativo a um princípio é o uso de frases filosóficas soltadas ao ar, frases sobre a perda de fé e etc, o que é mais uma pista sobre como a protagonista chegou aonde chegou.

O problema maior de Persona é justamente que o drama é exagerado para as situações, os personagens estão constantemente chorando ou se agredindo, o que seria interessante de analisar desde uma perspectiva psicológica, todavia não há suficiente tempo para conectar com o drama da protagonista, que é outro ponto a se falar, não há caracterização, há fatos sendo narrados e só, a protagonista fica 90% do tempo calada sem sequer reagir ao que está ouvindo, a enfermeira apenas narra fatos e aparenta estar quebrada emocionalmente, coisa que não conecta com nada porque o filme não nos dá contexto suficiente, o ritmo é lento e ainda sim não termina de te convencer a não ser que tenhas uma sensibilidade maior para esse tipo de história, me agrada o conceito e acredito que tem potencial para algo maior, pero esses pontos que mencionei arruinaram boa parte do drama.

Outro ponto que arruína o filme é como já mencionei, o fato de ser excessivamente monótono, tão monótono que dá sono, inclusive tenho uma anedota sobre isso, tive que ver o filme duas vezes porque na primeira dormi(isso considerando que são uma hora e vinte de filme) e nisso sonhei que estava no filme como um stalker observando os personagens em um arbusto, apenas isso. De resto me agrada a estética preto e branco com cenários envolvendo mar e sombras fortes, nesse sentido o filme é bastante engenhoso e consegue passar perfeitamente essa sensação de vazio e solidão. Poderia ter sido melhor com certeza mas no que me consta é 5/10.


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Once Upon a Time [Windaria] review

Posted : 1 year, 7 months ago on 23 September 2022 09:18 (A review of Once Upon a Time [Windaria])

Windaria é um belo exemplo de um conceito genial que foi estragado devido a decisões ruins dos diretores, para começar não se trata de um anime ou OVA retardado comum à época em que saiu, já sabem, nessa época entre os anos 80 e 90 os filmes e OVA's giravam em torno de violência, gore e sexo descerebrado com pouco ou nula ênfase na história ou nos personagens com conceitos idiotas sobre nada. Windaria por outro lado é um anime com história e um world building potente que daria certamente e dentro de um hipotético contexto uma extensa e vasta exploração temática, estamos falando de um reimaginação de algumas histórias europeias como Romeu e Julieta, Guerra e Paz e etc, com reinos, guerras, amores impossíveis, conflitos étnicos, alegorias filosóficas, conspirações, drama psicológico e etc, cercado por uma ampla gama de personagens cada um com as suas motivações particulares e etc, um verdadeiro épico em forma de anime e nesse sentido considero como um dos animes mais criativos que conheço.

Tristemente tudo o que eu disse não serviu de nada porque simplesmente os diretores decidiram fazer um filme ao invés de uma série completa de 25 ou mais episódios, o que arruinou não só o desenvolvimento dos personagens como também arruinou a trama em si, isso é, talvez o único problema de Windaria seja o seu ritmo absurdamente rápido que não nos dá suficiente tempo para explicar as coisas, quem são o reino de Paro ou Itha, quem diabos é a rainha de Itha, o rei de Paro, por que ele invadiu Itha, quem era o conselheiro sinistro da rainha? Como a Julieta conheceu o Romeu(esqueci os nomes) por que diabos o protagonista(ou suponho seja o protagonista) traiu o povo de Itha, que diabos houve com ele? Quem era o homem que o convenceu a trair Itha? Por que o príncipe matou o próprio pai? Simplesmente são tantos conceitos e tantas tramas que é impossível resolver tudo em um único filme, ainda que sejam quase duas horas de filme fica evidente que se trata de um trabalho incompleto. Os personagens como já mencionei, são secos e carecem de personalidade devido ao ritmo insano que atropela a narrativa.

Nesse sentido vejo que foi um tremendo desperdício e que seria muito melhor que fosse uma trilogia de filmes ou mesmo uma série completa, fica claro que as ambições do autor foi de construir um épico ao estilo Guerra e Paz com essa trama de Romeu e Julieta considerando que é impossível adaptar em um filme de duas horas um livro de mil páginas o resultado por incrível que pareça não é um desastre completo, ainda está aí o conceito, está também um rascunho de exploração psicológica, realmente recomendo para quem queira ter inspiração, creio que em outro contexto Windaria poderia ter sido um dos melhores animes da história e falo sem medo porque o conceito é um tanto ousado para a época.

6/10


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The Maxx review

Posted : 1 year, 8 months ago on 8 September 2022 09:09 (A review of The Maxx)

Em geral tendo a detestar profundamente o gênero de heróis por várias razões, uma deles é porque são sumamente repetitivas com clichês e mensagens maricas sobre pacifismo e ecologia(com excessão de Watchmen e Batman) sempre ressaltando os valores mais mainstream possíveis em uma tentativa patética de parecer rule of cool, o que eu disse é 80% das histórias da DC e Marvel, em especial nessa época onde tudo tem que conter militância globo hom0, nesse aspecto eu tendo a preferir as obras orientais como os shounens e etc. Outro aspecto que detesto nos quadrinhos americanos é a sua insistência em manter o status quo, os heróis não podem matar ninguém, nenhum herói morre e se morre tem que ser construído outro universo com ele porque não podemos magoar os fanboys, chega em um ponto em que tudo se resume a crossovers e mais crossovers.

Outro aspecto que vejo poucos notarem é o ridículo que é em conceito, homens adultos vestidos de colan lutando contra outros adultos vestidos de colan como se fosse um desfile de carnaval, não creio necessário dizer que a estética de heroi está desgastada. Fora a fandom tóxica que se originou de tudo isso, gente adulta gritando porque há um ou outro ator caro no filme, a fandom de heróis se tornou tão irritante quanto a fandom de Futebol ou de Jojo. O que não quer dizer que todas as obras de super heroi são ruins, ainda mais quando esta recai nas mãos de escritores hábeis como Alan Moore. É o caso de The Maxx que vai muito além da estética de super heróis convencionais, tendo elementos surrealistas e uma estética que vai desde os comics edgy dos anos 80 até estilos mais cartunescos como os desenhos mais antigos do cartoon e nickelodeon.

Nesse sentido devo por muito elogiar a estética de The Maxx, é diferenciada tanto no comic como na adaptação, a adaptação, feita pela mtv, mistura recortes do próprio comic para certas cenas dando um ar de algo feito em flash, oque não quer dizer que seja ruin, possui movimentos bastante fluídos em diversas cenas, ainda mais que quem adaptou conseguiu captar perfeitamente o sentimento cinza e de jazz do comic, basicamente não tenho queixas da produção, a trilha sonora está ok, os traços são sumamente criativos com vários formatos de crânio e uma perspectiva totalmente estilizada com o típico background de cidade punk anos 80.

Ok, é uma série com boa animação e estética criativa, uau, e a história? A história é fantástica em todos os sentidos, tanto na exploração de temas como em desenvolvimento de personagens, The Maxx conta a história de Max, um vagabundo sem teto que está preso a uma alucinação que o teleporta para outro mundo de forma involuntária, esse mundo é fruto da sua esquizofrenia e não existe de verdade, nele Maxx é forte, poderoso, indomável e com uma nobre missão de defender a rainha da floresta, um mundo bem isekai das ideias, mas quando volta ao mundo real volta a ser o vagabundo sem teto e abandonado vivendo com auxílio de uma assistente social que usa roupas provocantes. No mundo real Maxx não deixa de ter alucinações, vendo anãozinhos deformados e tendo a mania de que está sendo perseguido por um lunático misógino chamado Mr Gone. O arco de Maxx gira em torno da sua loucura sobre não conseguir se adaptar ao mundo real se envolvendo em várias encrencas por achar que é um super heroi.

Julie Winters é uma assistente social que decide se "sacrificar" pra ajudar esquisitões como Maxx, livrando-o de problemas, dando comida e etc. Winters é uma espécie de mãe para Maxx, que a enxerga como a rainha da floresta em sua alucinação, Julie é a típica Misato da história, está aí para auxiliar o protagonista loser ao mesmo tempo que esconde problemas emocionais graves. Temos também Mr Gone que é um lunático misógino que tem uma estranha conexão com Maxx, com ele sabendo de tudo sobre as suas alucinações e etc. Gone é o típico vilão Coringa que está aí mais para causar o caos e ser carismático, não atoa que cada aparição sua é um roubo de cena. Temos também Sara que é uma jovem apática e antissocial que sofre bullying e etc, manifestando uma profunda carência de sentido insinuando várias vezes que irá se matar e etc.

Bién, Bién, não é necessário dizer que cada personagem é sumamente complexo e que possuem dilemas fantásticos a nível de exploração temática, começando por Maxx, que é como eu já referi, um vagabundo que tem alucinações em que se vê em um mundo de fantasia onde ele é o herói, as implicações disso embarcam o campo da psicanálise pois se trata de algo bastante comum a cada ser humano, como a própria série explica "todos nós temos dois mundos, o mundo consciente(mundo real) onde somos vítimas das circunstâncias e o mundo inconsciente, um lugar aconchegante, colorido e vívido onde podemos ser o que quisermos" a busca por uma realidade que nos isole da nossa própria realidade é conhecido como escapismo, uma forma de fugir dos problemas que nos cerca, o escapismo pode existir de várias formas, desde drogas a realidade virtual podem ser classificados como tal, vi pouquíssimas pessoas falando sobre esse tema e sobre como ele pode impactar a percepção das pessoas sobre a realidade, muitas pessoas que estão perdidas no escapismo perdem a sensibilidade e as interações saudáveis com as pessoas, a maior prova disso são os índices astronômicos de ansiedade e depressão motivados por percepções errôneas de que devemos ser perfeitos ou que as pessoas nos devem algo apenas porque em meu mundo imaginário individualista é.

E fico feliz que a série dê uma mensagem contra essa mentalidade, o que também não significa que não podemos ser escapistas em nenhuma ocasião, ver coisas para desligar o cérebro ou criar mundos de fantasia para esquecer o mundo ao redor muitas vezes pode ser algo benéfico dependendo das circunstâncias, todos temos um lado escapista, hedonista ou mesmo promíscuo internamente que pode ou não ser potencializado com o tipo de conteúdo que consumimos. Nesse sentido a caracterização de Maxx é perfeita e somado a exploração onírica usada pela estética surrealista torna este um dos personagens mais complexos desde Evangelion. A trama de Julie também é igualmente onírica até a segunda parte, é uma personagem com vários traumas e problemas emocionais graves e sua condição a levou a ser assistente social ajudando gente como Maxx, seu personagem é sumamente complexo e bem desenvolvido na segunda parte, tanto quanto Maxx.

Sara por outro lado é a típica adolescente edgy com vários problemas emocionais devido ao seu corpo, que é reflexo a do descaso e das constantes brigas entre ela e a mãe que parou nos anos 60, Sara tenta insinua por várias vezes ao longo da série que vai se suicidar, sua depressão parte de um vazio existencial que sente por não encontrar sentido algum na vida, nada ocorre e tudo que ocorre é algo negativo, fazendo-a se questionar o porque de ainda estar viva, algo como o Dilema do Homem Ridículo, é igualmente um bom personagem apesar de que possui apenas um episódio e meio de desenvolvimento. Gone por sua vez é o típico vilão de filme que tem um plano maligno para destruir os protagonistas, pero no, seu drama gira em torno de que enlouqueceu de forma similar a Maxx, talvez isso explicando a sua conexão com o mundo fictício de Maxx. é ele quem catalisa os problemas dos personagens os levando a catarse final que é bastante comovente.

Em resumo, The Maxx é não só um desenho esquecido de MTV é umas das mais profundas, tétricas e sombrias séries de animação, seu background é bastante inteligente já que serve como crítica ao meio sobre como são tratados as pessoas com problemas cognitivos, seu maior problema reside no fato de ter deixado muitas coisas em aberto, sobre quem foi Maxx antes de ter enlouquecido, qual o destino de Sara, Gone ou de Julie, se resolveram seus problemas internos e etc. Não chega a ser perfeita mas com tudo com que me foi apresentado a nota não poderia ser menor que um 9/10 simplesmente um dos comics mais interessantes desde Watchmen(que aliás, The Maxx teve o dedo do Alan Moore).

NOTA:

PERSONAGENS:10/10
TEMAS:10/10
ARTE:8/10
DESENVOLVIMENTO:10/10

9,5/10


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The Garden Of Words review

Posted : 1 year, 8 months ago on 1 September 2022 08:40 (A review of The Garden Of Words)

Uma das características que desprezo nos animes modernos é que em geral são mundanos, estáticos, sem tensão, infantis, idealistas e uma série de anti-valores com os quais eu poderia discorrer bastante sobre já que querendo ou não esses aspectos refletem o estado mental de uma geração, é pela arte que conseguimos traçar um perfil psicológico de toda uma época. Tomem os animes antigos por exemplo, possuíam inicialmente uma visão otimista da tecnologia que em parte representava a visão japonesa como um país derrotado na segunda guerra mundial e que poderia se superar através da tecnologia, ao passo que em épocas posteriores essa visão foi substituída por outra mais pessimista em relação a tecnologia, obras como Ghost in the Shell ou Akira expressam com exatidão esse sentimento já que na dita época(anos oitenta) o Japão passava pelo seu maior auge econômico, com um desenvolvimento tecnológico absurdamente rápido não era incomum que muitos olhassem com desconfiança.

Em eras mais recentes os animes se tornaram mais mundanos, simples e com temáticas nostálgicas como romances, escolas e etc. Boa parte disso reflete a mentalidade atual dos japoneses que basicamente consiste em ser bem sucedido financeira e amorosamente, basicamente primeiro mundo, não é como se tivessem que lidar com guerras, problemas étnicos ou econômicos como em outros lugares, o que deixou boa parte da população sedada por essa propaganda alá "sonho americano". O problema de tudo isso é que essas obras tendem a ocultar as coisas cinzas da vida, pintando-a com um idealismo tosco e juvenil que joga aos jovens japoneses uma realidade que não existe, as vezes as coisas não ocorrem conforme programado, o que é um choque para aqueles que almejam desesperadamente status social e etc. De forma que o nosso mundo real se assemelha mais às distopias dos anos oitenta que aos slice of life modernos.

Bom, dei essa volta inteira apenas para falar desse anime? Hmm, sim, Garden of Words é mais do mesmo, romance, escola e idealismo. A trama gira em torno de um rapaz que quer se tornar um sapateiro profissional e acaba se apaixonando por uma mulher com a qual se encontra quase todos os dias. Todos os problemas que mencionei nos dois primeiros parágrafos estão presentes aqui, por ser um filme com apenas quarenta minutos é evidente que seria impossível construir um bom romance em tão curto período de tempo, a narrativa atropela vários acontecimentos, a construção do romance é forçada, os dois estão em uma mesma cabana, começam a se olhar e extra! Estão apaixonados! Vários time skips depois e cá estamos, de repente há alguns bullies atormentando a namorada do protagonista e algumas cenas dignas de novela mexicana e fim! É só, não sabemos absolutamente nada sobre a namorada do protagonista, é mencionado que ela tem uma série de problemas de ordem psicológica que nunca são explorados, o protagonista é seco e sem nenhum carisma.

A única coisa que sabemos é que ele quer se tornar um sapateiro profissional e only, não há exploração temática, mensagem ou sequer algo interessante para falar, tudo parece ter sido colocado como uma espécie de fetiche por parte do diretor com vários takes de pés e já sabem. A única coisa elogiável desse filme é a animação que está fantástica a nível de ilustração com vários cenários, efeitos, iluminação e forte atenção aos detalhes, em termos técnicos é magistral, a música que apesar de genérica calha bem pra ocasião. Esse é o único ponto alto, o restante já sabem, idealista, seco, melodramático e etc. Há conveniências, como de Yukino ser professora do protagonista, há também coisas que não são explicadas como o rapaz que ajudava Yukino. Não me dá muito material para discorrer.

4/10


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Megazone 23 review

Posted : 1 year, 8 months ago on 23 August 2022 08:17 (A review of Megazone 23)

Megazone 23 é um desses filmes anos oitenta que mistura elementos sci-fi cyberpunk com musicais e estética rebelde com alguns conceitos tirados de algum episódio de Star Trek ou de algum livro do Asimov, a história se passa no espaço em uma realidade falsa criada por uma IA que sobreviveu a uma catástrofe global na Terra, criando essa realidade paralela, algo parecido com Magnetic rose de Memories, um conceito sumamente interessante em conceito, ainda mais que envolve mechas, militares, naves espaciais e garotas bonitinhas cantando músicas de guerra, teria tudo para ser um Macross mas infelizmente cometeu vários erros que minaram o sucesso do filme.

Em aspectos técnicos é algo bem polarizante porque algumas cenas de ação reluzem fantásticas enquanto que outras cenas mais simples soam como uma apresentação medíocre do power point, os personagens tem esse traço característico dos animes 80s com música 80s e creio que já entenderam o ponto. Sobre o filme em si como já mencionei, é um filme que tenta ser várias coisas, ação, romance, cômico, suspense até mesmo político, infelizmente falha em cada um desses aspectos por causa do seu ritmo acelerado que atropela vários acontecimentos, simplesmente não nos explicam quem é o protagonista, de onde vem, como descobriu a conspiração do robô, por que ele sabe, por que querem mata-lo e etc, são coisas que não são explicadas, são simplesmente mostradas e fica critério do telespectador adivinhar tudo.

Falha como suspense porque como já disse, o ritmo atropela acontecimentos, coisas são deixadas de se explicar o que faz de algumas cenas que em teoria eram para ser dramáticas terminam como indiferentes pela rapidez com que ocorre e não ajuda que a trilha sonora e a estética da coisa esteja tão vibrante e alegre enquanto guerras, conspirações, golpes de estado e assassinatos estão ocorrendo, nesse aspecto elogio Platabor 2 por manter uma atmosfera mais mórbida. Em megazone 23 os protagonistas são fracos, carecem de uma caracterização real pelo curto tempo, na verdade não é uma boa desculpa se considerar que esse filme tem a mesma duração de Perfect Blue. Em resumo Megazone 23 é um filme medíocre com boas pretensões que teria sido enormemente beneficiado se fosse adaptado em forma de série ou ova, espere! Há uma trilogia de filmes dele, que são completamente irrelevantes e cometem os mesmos erros aqui mencionados.

5/10


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Uma Aula sobre o que não fazer em um filme

Posted : 1 year, 8 months ago on 22 August 2022 07:31 (A review of Era Uma Vez...)

Primeiramente por que falar desse filme? O que ele tem de especial? É uma obra prima desconhecida? Um estudo de personagem ou simplesmente um conceito interessante? No, nenhum dos casos, é um filme genérico e sem nada de especial que usarei como exemplo didático sobre o que não se deve fazer na hora de escrever um roteiro. Era uma vez é um desses filmes sobre favela e crimes estilo cidade de Deus que mistura vários elementos de romance, suspense e crítica social, o que não é para nada um mau presságio hein. O filme narra a história de um vendedor de hotdogs que.. dane-se isso tudo. Esse é um filme que eu vi com um amigo apenas porque meh estava com tempo livre. Particularmente detesto o cinema brasileiro, um dos motivos é que em geral o meio artístico no Brasil é dominado por gente de esquerda que tenta enfiar goela abaixo as agendas progressistas que em geral é sempre sobre vitimizar ao extremo os personagens tratando tudo com um maniqueísmo tão evidente que é ofensivo ao cérebro. 

Quando não é um panfleto ideológico disfarçado de crítica social tende a ser uma comédia seca baseada em aspectos mundanos ou mesmo sexuais muito parecido com as comédias americanas, pode ser engraçado no início mas o plot se perde depois que assistes mil obras iguais com o mesmo conceito, com os mesmos arquétipos, com as mesmas piadas e meh, são mais filmes para desligar o cérebro e entreter as massas para que ignorem o cenário caótico em que se encontra o país. São dois caminhos lamentáveis para o cenário artístico de um país. Mas sem enrolação o que há de errado com esse filme?

Começando pelo título, "Era uma vez" é sempre importante ressaltar o impacto que os títulos das obras tem, é um aspecto secundário mas ainda sim relevante porque pode que o seu título chame a atenção de um público maior, o maior exemplo que posso citar é "Crime e Castigo" que originalmente se chamaria "Os Bêbados" a diferença é bem gritante, entre um livro com bêbados no nome soa menos atrativo que um livro que possui "Crime" pela sua natureza intrigante que gera um certo suspense desde o início, Os Bêbados por outro lado recorda mais coisas desagradáveis e desajustadas, o que pode afastar muito mais potenciais leitores, é por isso que "Death Note" se chama Death Note e não "O Caderno". Tome por exemplo Tropa de Elite que tem esse mesmo cenário de favela e guerras de gangue, creio que já entenderam o ponto.

Ponto dois, os personagens, sabemos que o que define uma boa obra não é sua produção nem o conceito, podes ter o conceito de história mais criativo do mundo, se seus personagens forem secos e sem vida sua história será entediante e ruim, veja Metrópolis de Ozamu Tezuka, tem um bom conceito mas em execução é medíocre pela falta de carisma e impacto dos personagens, não são marcantes e tão pouco possuem quaisquer arco de desenvolvimento psicológico, no filme em questão todos os personagens são péssimos em caracterização, ou são arquétipos de coisas genéricas como; o pai machista, o traficante, a madame, o protagonista beta. O protagonista em si é bastante sem carisma, não ressalta por nada, suas cenas são secas, estão pessimamente atuadas e sua lore não faz sentido algum, estamos falando de um filme que se passa em favela, que inicia em uma favela dando vários indícios de que seria sobre crimes e violência e do nada plus! Vira um filme de romance a lá dama e o vagabundo. 

A construção do romance do protagonista é péssima porque a atuação é péssima, os seus diálogos inteiros soam robóticos e sem vida, parte do filme é tempo morto explorando a relação do protagonista com a madame(nem sequer lembro os nome) de uma cena para outra vira um filme de romance meloso recoberto de uma crítica social absolutamente superficial, satanizando as classes superiores, os policiais e novamente justificando ações ruins sob o pretexto de oprimidos e opressores, é lamentável que 80% das obras brasileiras sejam apenas sobre isso. Outro aspecto estranho desse filme é o ritmo, o filme atropela acontecimentos, passando de um ponto ao outro, mostrando a morte de personagens irrelevantes que não voltarão a ser mencionados, de repente um time skip de 20 anos, uau, o início tem também a introdução de um vilão que entre miúdos é uma cópia do Zé Pequeno, um vilão que não é mencionado nunca mais na história depois. Tudo nesse filme soa desconexo, a crítica social, os personagens, o cenário, a música e até o contexto. A trama simplesmente avança por causa das ações estúpidas dos personagens, é uma decisão mais burra que a outra, situações que poderiam ser resolvidas de forma fácil são simplesmente estendidas porque meh.

conclusão;
realmente não me importo em dar uma conclusão, foi uma perda de tempo mas deu para dar umas risadas pelo péssimo manejo de história;

2/10


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A Falta de Beleza no Mundo

Posted : 1 year, 8 months ago on 18 August 2022 09:01 (A review of The Bell Jar)

Falar desse livro é como pisar em ovos porque não é como se tratasse de algo puramente fictício já que carrega consigo elementos autobiográficos de modo que poderia soar arrogante ou mesmo pretensioso da minha parte dizer o que está mau ou errado com certos trechos. A redoma de Vidro é mais um desses livros focados em um só personagem divagando sobre seus pensamentos ao mesmo tempo que narra partes da vida, igual como O lobo da Estepe(cansei de citar memórias do subsolo) aqui entramos em contato com Esther Greenwood uma personagem bastante peculiar que nada mais é que o retrato da autora de si mesma sendo uma auto inserção em toda a regra, narrando como está gradualmente submergindo em problemas emocionais graves ao ponto de afetar a sua própria sanidade, é um livro para lá de pesado e trata de temas dos quais requer do leitor uma certa cautela, não chega a ser tão mórbido como Memórias do Subsolo mas pode causar um certo desconforto pelo sofrimento emocional da protagonista.

Esther é uma personagem bem similar a Holden Caulfield de O Apanhador no campo de centeio, ou seja, é uma personagem bastante cínica que não consegue ver beleza em nada e está constantemente julgando e menosprezando tudo, em parte é reflexo do próprio estado psicológico da autora, esse aliás foi o único trabalho completo dela já que a mesma cometeu suicídio tempos depois. Algo que dá um tom mais mórbido a esse livro, deixando mais como uma carta de socorro que qualquer outra coisa. Devo salientar que de jeito algum estou menosprezando o sofrimento ou os sentimentos que a autora passou mas proponho aqui em vez disso uma análise crítica em relação a mensagem e o desenvolvimento da história, sua intimidade sobre o tema da depressão e algumas observações.

Bom, A redoma de Vidro é sem dúvidas um livro forte mas que infelizmente carrega vários erros comuns a esse tipo de narrativa, o primeiro é, o mais óbvio, o ritmo, simplesmente parece não progredir em vários partes, carece de um objetivo fixo se concentrando mais em como Esther está quebrada emocionalmente o que poderia ser genial para explorar temas e se aproximar de uma exploração psicológica e até existencial mas nop, simplesmente é um relato para lá de mundano já que boa parte do livro é sobre Esther manifestando sua visão de mundo, sendo um misto de feminismo com cinismo niilista, a protagonista é alguém notoriamente amarga e desiludida com a vida, sendo até desagradável em várias ocasiões, incapaz de ver beleza nem sentido em nada é tomada por acessos de loucura e contradição que torna as coisas ainda mais difíceis de conectar. Os temas sobre depressão e suicídio são explorados um tanto que indiretamente já que boa parte do livro conta com Esther descrevendo as coisas com excesso desnecessário de detalhes.

Outro ponto negativo é em relação a exploração temática que digamos assim é bastante pobre, quer dizer o livro não é nada conclusivo, não nos dá nenhuma grande reflexão sobre o tema da depressão, não nos oferece nenhuma perspectiva nem contraponto é simplesmente transtorno psicológico por transtorno psicológico, não há nenhuma mensagem valiosa ou algo que ressaltar, esse é o problema central do livro, a obra de Hesse por exemplo abordava o tema do escapismo, a obra de Dostoyevsky abordava os problemas do niilismo, a de Hamsun a temática da fome e do orgulho, cada um se especializou em algo, o que é um contraste bastante grande em relação a obra de Silvia sinceramente é um dos motivos pelo qual não recomendo esse livro. a depressão de Sylvia afetou tanto a sua escrita que a impediu de chegar além. A protagonista(novamente) é bastante desagradável em ocasiões chegando a criticar um ato de alguém e logo em seguida cometer esse mesmo ato, realmente difícil de conectar e parece por vezes que a autora deseja causar essa impressão.

Em conclusão, não recomendo esse livro pelos erros e pela falta de conteúdo superior, o que houve com a autora foi realmente lamentável e nos mostra a fina linha que nos separa do colossal abismo que é a nossa mente. Finalizo com a reflexão de que devemos remodelar nossas percepções sobre o mundo, ressignificando as coisas e se esforçando para ver o valor e a beleza das coisas da vida para não cairmos na apatia e no cinismo, perdendo o brilho da vitalidade e caindo em pensamentos mesquinhos e autodestrutivos. Como cristão eu posso sugerir uma aproximação com a fé, uma mentalidade mais simples, humildade e em especial o amor ao próximo, não ver a si mesmo como o centro do universo já que isso leva a uma indiferença em relação aos outros, provocando um individualismo que aliena o indivíduo da sociedade, é uma das razões pela qual não compactuo com as obras de Stirner e Nietzche;

5/10


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A fome

Posted : 1 year, 8 months ago on 11 August 2022 07:52 (A review of Hunger)

Fome de Knut Hamsun é uma jóia perdida da literatura, se trata de um dos relatos mais realistas e vivos sobre um problema que a tanto assola a humanidade, que é a fome. Hamsun é um escritor esquecido propositalmente pelos historiadores devido a sua ligação com os nazistas, sendo um grande amigo de Goebbels, sua história é bastante comovente e lembra um pouco de outros autores mais profundos. Hamsun escreveu esse relato inspirado em suas próprias experiências sofrendo com a fome, com o desemprego, com o abandono e solidão desde a juventude, vivendo em uma linha tênue entre sobreviver e escrever, é um relato tão realista que é quase possível sentir o sofrimento do protagonista, raramente vi coisas assim na literatura excluindo Dostoyevsky e Gogol foram poucos os que se preocuparam em retratar essas questões mais obscuras. Com um estilo refinado e pouco poético Hamsun logrou descrever perfeitamente de forma individual a miséria que assolava a população europeia pré primeira guerra mundial.

O livro narra a história de um jornalista e escritor com ideias a lá Raskolnikov, diria que é diretamente inspirado aliás, que vagueia pela Europa a procura de viver da escrita, sendo um relato em primeira pessoa narrando o cotidiano e as desventuras do protagonista. O protagonista de Fome é um sujeito com psicologia complexa que remonta o texto Memórias do Subsolo, sendo ele uma espécie de introvertido e arrogante que é incapaz de sentir piedade ou amor, tratando as pessoas de forma arrogante porque teme descobrirem sua real natureza, manifestando fortemente essas características em suas crises provocadas pela fome e pelo desespero. Ao mesmo tempo que repudias o comportamento do protagonista não deixas de sentir compaixão pelo sofrimento do mesmo, a riqueza de detalhes e das sensações na escrita de Hamsun logra criar um sentimento genuíno de desconforto.

Esse livro não é um conto ou romance panfletário que está destinado a enaltecer a guerra de classes ou quaisquer interesses políticos, apesar de que Hamsun era notoriamente um reacionário e um grande crítico da modernidade e do capitalismo, porque ironicamente a pauta ambiental era originalmente uma pauta defendida pela direita, isso se torna mais nítido quando estudas os documentos da época, descobrindo que os partidos de direita e extrema direita da Alemanha foram os primeiros a realizar leis em prol do meio ambiente, as leis trabalhistas foram fundamentadas por juristas de extrema direita(carta del lavoro) no Brasil a exemplo temos Getúlio Vargas e outros presidentes nacionalistas. Lendo outros documentos como a célebre encíclica papal Rerum Novarum de Leão treze onde o mesmo critica abertamente o avanço desmensurado do capitalismo, da exploração praticada pelos donos do grande capital. Hoje em dia a direita exalta a figura de banqueiros e empresários que enriquecem as custas de especulação e empréstimos cheios de juros, destruindo a bela natureza que Deus deu ao homem, alimentando essa cultura asquerosa de consumismo que é enaltecida tanto pela esquerda quanto pela direita seguindo esse pensamento medíocre de "capitalismo é melhor que comunismo porque posso comprar ifones".
os conservadores enaltecem o capitalismo quando este rompe as tradições culturais dos povos unificando o mundo em torno de consumir o que está na moda, os esquerdistas criticam isso ao mesmo tempo que são incapazes de abdicar dos privilégios do capitalismo e negando o fato de que as ideias de progressismo só são possíveis em uma sociedade industrializada e liberal, agindo como verdadeiros hipócritas implorando por identitarismo na última megaprodução que será esquecida em uma ou duas semanas.

É por essas e outra que faço um apelo pela verdadeira tradição política da direita, sendo esta a religião, o apoio aos trabalhadores, aos camponeses, à família, à humildade, um retorno à Terra, às tradições, á monarquia, à autoridade e etc. Neguemos essa cultura de consumismo, de libertinagem, de individualismo extremo e secularismo. É uma tristeza ver que a esquerda sequestrou a maioria dessas pautas. Sem mais, este é um bom livro e um ótimo autor;

8/10


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Capitães da Areia review

Posted : 1 year, 8 months ago on 10 August 2022 09:35 (A review of Capitães da Areia)

Capitães da areia é um desses romances panfletários escrito pelos comunistas para moer seu cérebro e fazê-lo acreditar em mentiras como igualitarismo e dívida histórica, reunindo todo tipo de fanfic identitária que possas imaginar, grevistas, criminosos bonzinhos, religiosos malignos, burgueses hipócritas e uma ampla gama de romantizações e idealizações toscas que servem para martelar e martelar na sua cabeça a maldita guerra de classes. Começando pela história, Capitães da Areia é um romance que gira em torno de um grupo de jovens delinquentes que se reúnem para cometer todo tipo de crime que consiga imaginar, roubos, assassinatos, estupros e etc sendo descritos incessantemente pelo autor como "pobrezinhos que nunca tiveram oportunidade". De maneira ardilosa e desonesta o autor tenta nos convencer de que os jovens criminosos são na realidade vítimas da sociedade malvada que os quer destruir por serem pobres e negros, com a boa e velha retórica deturpada e maniqueísta não atípica dos ideólogos do marxismo, ressaltando várias e várias vezes como os policiais oprimem os pobres jovens que não fizeram nada demais.

O livro é tão panfletário que chega ao ridículo de dizer que a população apoia os bandidos e está contra a "violência" policial, é tão ridiculamente panfletário que o protagonista da história é literalmente filho de um comunista grevista sendo representado quase como um messias na Terra que irá trazer a revolução. Aí está as raízes desse pensamento de romantização do crime, ser um bandido estuprador para o Jorge Amado deve ser o ápice do ideal revolucionário. Todo livro pode se resumir com o autor minimizando os crimes dos protagonista sob o pretexto de serem pobres, com essa linguagem rebuscada e repetição exaustiva de termos, é sério, o autor repete o termo pilheria umas 400 vezes, o texto está dotado de uma pobreza poética incrível, os personagens são bastante contraditórios e inconsistentes já que o autor não consegue equilibrar o fato de serem anjos com o de serem bandidos.

Historicamente sabemos que o Brasil sofreu um golpe de Estado nos anos 60, onde os militares tomaram o poder e declararam guerra contra os guerrilheiros comunistas, obliterados militarmente pelo exército eles decidiram se alojar na cultura, se infiltrando e subvertendo as instituições de ensino pregando as ideias da revolução, como bem já disseram "os comunistas perderam a batalha e venceram a guerra" hoje os meios intelectuais estão dominados por esse romantismo em relação a degradação, como aprendemos em Os Demônios de Dostoyevsky, alojar-se nos meios intelectuais faz parte do processo revolucionário. Tal como descrito por Antônio Gramsci, os meios intelectuais são mais importantes que o meio militar, moldando a cabeça oca de uma geração inteira para os ideais da revolução vale muito mais que uma milícia armada de mil homens.

O livro também exalta a figura de outros bandidos como Lampião, que entre outras coisas era conhecido por massacrar vilas no Sertão do Brasil ou de Zumbi dos Palmares, um tipo que era conhecido por ter escravos mesmo quando este foi um escravo. Não é muito distante desse pensamento de romantizar facções e o narcotráfico, como se fossem algum tipo de libertadores, amigos da população e boas pessoas no fundo, na triste e cruel vida real esses narcotraficantes escravizam centenas de jovens para o mundo das drogas, são capazes de exterminar uma família inteira se o membro de dessa lhes dever algo. Eles não são os oprimidos, eles são os que oprimem.

Em conclusão Capitães da Areia é um péssimo livro, com uma péssima mensagem, com personagens ruins que estão aí para fins políticos, maniqueísta, melodramático já que o autor tem que ressaltar a cada minuto que os personagens são bons, um manejo medíocre dos personagens e de seus dramas, uma conclusão desconexa e desnecessariamente longa, vejamos que 80% do livro é sobre os capitães da areia cometendo crimes e vadiando por aí sem rumo, o final é um insulto a inteligência, ninguém pagou pelos crimes que cometeram, simplesmente o bando se desfez em um felizes para sempre, é sério que o autor é tão burro que se esqueceu que isso era para ser uma tragédia e não um conto de fadas onde os protagonistas decidem fazer uma revolução comunista, uau! realismo

Simplesmente me faltam palavras para descrever a atrocidade que acabei de ler, um dos piores livros da história do Brasil.

2/10


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a trágica beleza da ignorância

Posted : 1 year, 9 months ago on 7 August 2022 07:31 (A review of Flowers for Algernon)

Flores para Algernon é ao lado de Frankenstein de Mary Shelley um dos livros mais comoventes e interessantes que já li, abordando vários temas como abandono, doenças mentais, psicanálise, religião, conhecimento, ignorância, amnésia e uma ampla gama de temas que são desenvolvidos nas mais de 200 páginas do romance. Contextualizando primeiro, o autor é um dos pais dos cartoons na América, sendo grande amigo do Stan Lee e consequentemente um dos fundadores da Marvel. O livro em si foi publicado na década de 50 para 60 e se trata de uma espécie de diário que é escrita por um deficiente mental chamado Charlie Gordon que foi abandonado pelos pais e cooptado por um grupo de cientistas como cobaia de um experimento onde ele poderia deixar sua condição cognitiva e aumentar seu qi através de uma cirurgia, sendo este o elemento de ficção científica do livro. Charlie então realiza a cirurgia e deixa de ser retardado e se torna literalmente um gênio, uma vez que sua inteligência é despertada ele passa a ver o mundo com outros olhos percebendo coisas que antes não era capaz de notar.

Charlie é um personagem sumamente complexo em todo o sentido, seu arco como deficiente mental é bastante comovedor sendo ele vítima de muitas injustiças e zombarias pelo fato de ser inocente, em muitas instâncias seu personagem me recorda Myshkin do romance O Idiota, sendo ele alguém inocente e puro incapaz de notar a maldade das outras pessoas em relação a ele. Seus médicos por outro lado o tratam como um rato de laboratório, sendo Algernon, o seu espelho como personagem. Essa primeira parte do livro é propositalmente escrita com vários erros de pontuação e de gramática pela razão de que Gordon é bastante limitado intelectualmente. Tudo isso muda com sua cirurgia, que lhe concede o extraordinário qi de 180 passando de um retardado para um literal gênio, conhecendo a si mesmo e se dando conta do mundo ao seu redor melhorando gradualmente sua grafia, é uma mudança tão natural que é possível sentir em certas partes do livro.

Gordon então descobre sua sexualidade aos 32 anos, se apaixonando pela médica que cuidava dele, contudo ela não demonstra os mesmos sentimentos por ele, o que deixa ele profundamente triste e fazendo ele se renegar aos estudos, com sua incrível capacidade cognitiva ele é capaz de inclusive ajudar seus médicos com os relatórios e com o próprio diagnóstico, aprendendo vários idiomas se distanciando da religião e convertendo em um antissocial cínico distanciando várias pessoas dele, com ele finalmente entendo que as pessoas se aproximavam dele apenas porque queriam parecer mais inteligentes afinal "perto de um idiota é muito fácil bancar o inteligente" é então que ele entra em uma espécie de crise existencial onde a sua inteligência termina afastando as pessoas, com ele sentindo um vazio tremendo que acaba em uma espiral de deterioração emocional que chega em um nível bastante psicológico e até existencial com Gordon indagando que "a busca incessante pela inteligência isola a busca por sentimentos humanos" e que há uma certa beleza na ignorância, não que o autor menospreze o conhecimento mas sim ressalta que a busca pelo entendimento não pode se sobrepor a busca pelos sentimentos humanos e pelo amor ao próximo, com o protagonista traçando um paralelismo com a história de Adão e Eva quando ambos não tinham o conhecimento de que estavam nus e que o conhecimento dado pelo fruto proibido foi a raiz das tristezas humanas.

"O sofrimento acompanha sempre uma inteligência elevada e um coração profundo. Os homens verdadeiramente grandes devem, parece-me, experimentar uma grande tristeza"

Gordon então seria uma espécie de arquétipo de Adão, que ao se ver em um estado de ignorância se encontra feliz na ignorância e quando prova do fruto proibido ele passa a ter uma percepção avançadíssima da realidade e com isso levando-o a desenvolver um profundo vazio e carência emocional pois todos ao seu redor o desprezam por sua arrogância e cinismo. O livro também aborda temas sobre a psicanálise com Gordon se recordando de como foi sua infância, com sua mãe desmiolada e hipócrita o tratando como uma anomalia e negligenciando o amor ao seu filho, sendo rejeitado inclusive por seu pai, essa é talvez a parte mais pesada do livro, Gordon recobra suas memórias lembrando de todo o bullying e sofrimento que passou baixo a proteção dos seus pais. Emocionalmente quebrado Gordon se envolve com uma mulher promíscua que vê nele apenas como algo de diversão sem muita complexidade demonstrando até mesmo um certo desprezo pelo seu trabalho. O final dos seus pais é irônico já que do mesmo modo que sua mãe abandona Gordon, ela é abandonada pelo marido vivendo as custas da filha se tornando inválida devido aos problemas emocionais. Essa parte do livro em específico é uma das mais comoventes de todo o romance.

O livro então tem o desfecho com a morte do ratinho Algernon, quando Gordon percebe que seu cérebro está atrofiando e suas memórias estão indo embora devido as falhas da cirurgia, é aqui que o livro aborda o tema da amnésia, Gordon começa a se esquecer dos seus estudos, dos seus horários e até dos seus entes queridos até que o livro termina com sua última nota que por coincidência tem de ver com não se esquecer de Levar flores para o túlmulo de Algernon, que é um paralelismo para que Gordon não seja esquecido já que Algernon é o seu espelho e do mesmo modo que o ratinho morreu com o cérebro atrofiando, ele também se foi desse modo encerrando o livro. Gordon se vê em Algernon, vivendo em uma gaiola sendo visto como uma cobaia em vez de um indivíduo, manifestando a vontade de Charlie por uma construção de uma identidade sólida.

Minhas impressões sobre o livro são sumamente positivas, a começar pelo estilo narrativo que conta com uma exploração psicológica que chega ao terreno do existencialismo e da psicanálise, com Gordon sofrendo o dilema da inteligência e da solidão de não ser amado por ninguém, enquanto que em seu estado de deficiente ele era "querido" pelas pessoas, tendo amigos e etc devido ao seu jeito simples e funcional de ser. O livro inteiro é sobre a vida de Gordon e sua tragédia em busca de ser aceito pelas pessoas, seja pela sua ignorância ou inteligência, é um personagem sumamente complexo e cheio de dilemas, poucas vezes vi personagens assim e posso dizer que rivaliza com coisas como Evangelion pela profundidade em que é explorado o protagonista. Apesar de que Gordon é afligido por muitas desgraças não é como se todos o tratassem mau ou fossem sádicos com ele, sua doutora ou alguns personagens como o dono da loja demonstram por várias vezes empatia genuína pela sua condição.

De modo que seria Flowers for Algernon uma obra prima da literatura? Quase, tirando Gordon, os outros personagens não são tão complexos como ele, apesar de que não são para nada medíocres e terminam servindo, em especial os médicos de Gordon como criticismo sobre como essa mentalidade de buscar de forma incessante pelo conhecimento científico pode isolar de buscar por sentimentos humanos, trazendo questões sobre os limites da ciência e sobre ética. O livro também é uma denúncia sobre a condição deplorável em que viviam os retardados mentais na época, com Charlie e muitos outros vivendo marginalizados, esquecidos e abandonados, humilhados e vistos como criaturas disformes sendo constantemente sendo usados de maneira mesquinha como se de algum freak show se tratasse, é um tipo de história com a qual tenho uma certa predileção. Pode facilmente entrar em uma lista de livros favoritos da vida e que é bastante difícil de achar defeitos, posso mencionar que a história de Gordon terminou sem uma conclusão suficientemente satisfatória e ainda sim reconheço que não é um final medíocre de modo que termino dessa forma;

escrita:8/10(poética em ocasiões e simplória em outras)
personagens:10/10(Gordon em específico)
temas:10/10(serei direto em dizer que é um dos livros mais belos sobre o tema)
importância:9/10(o melhor romance sobre doenças mentais desde a obra de Dostoiévski)
nota final:9,5/10


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